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Como a modelagem de negócios pode definir o sucesso de startups em estágio inicial?

agosto, 2024‎ ‎ ‎ |

‎Por Luciane Schwalbe

No universo das startups, a fase inicial, conhecida como “early stage”, é crucial para definir o rumo e o potencial de crescimento da empresa. Durante essa etapa, a modelagem de negócios desempenha um papel fundamental ao delinear a proposta de valor, identificar o público-alvo e estabelecer uma estrutura sustentável para geração de receitas. Neste artigo, exploraremos os principais elementos da modelagem de negócios para startups em estágio inicial, ilustrando com exemplos e estratégias eficazes.

A modelagem de negócios é o processo de criar um plano estratégico que descreve como uma empresa criará, entregará e capturará valor. Para startups early stage, esse modelo é vital, pois fornece uma visão clara do caminho a seguir, ajudando os fundadores a alinhar suas ideias com as expectativas do mercado. Um modelo de negócios bem estruturado é também um atrativo para investidores, demonstrando que a startup tem um plano viável para gerar lucro e crescer.

Uma ferramenta indispensável para a modelagem de negócios é o Business Model Canvas, criada por Alex Osterwalder, o responsável por mudar a forma de desenhar negócios no mundo. Os tópicos essenciais propostos pelo BMC são:

  1. Proposta de valor: Definir claramente o problema que o produto ou serviço resolve e como ele se diferencia das soluções existentes. A Slack, por exemplo, destacou-se ao facilitar o cotidiano dos colaboradores simplificando a comunicação interna e o fluxo de trabalho, diferenciando-se de e-mails tradicionais.

  2. Segmento de clientes: Identificar quem são os clientes-alvo e quais são suas necessidades específicas. Startups como a Airbnb começaram com um foco claro em viajantes que buscavam hospedagens acessíveis e com uma experiência local única. Neste caso, a startup possui dois segmentos de clientes a serem trabalhados: os viajantes e as pessoas que disponibilizam seus imóveis para hospedagem. Neste caso, sugere-se, inclusive, fazer o BMC exclusivo para cada um deles já que a própria Proposta de Valor já é diferenciada pois entrega soluções diferentes para cada um destes segmentos.

  3. Canais de distribuição: Determinar como o produto ou serviço chegará aos clientes. Em seus estágios iniciais, a Dropbox usou campanhas de marketing digital e indicações de usuários para expandir sua base de clientes rapidamente.

  4. Estrutura de custo e fluxos de receita: Estabelecer os custos principais e as fontes de receita. Modelos de receita como assinaturas, vendas diretas ou freemium devem ser bem definidos desde o início. O modelo freemium da Spotify, por exemplo, permite atrair usuários gratuitamente, convertendo uma parte significativa em assinantes pagantes. Neste exemplo, temos duas fontes de receitas: o usuário final quando do plano pago e os anunciantes quando no formato freemium.

  5. Parcerias estratégicas: Identificar possíveis parceiros que possam ajudar a alavancar o negócio. O WhatsApp, antes de sua aquisição pelo Facebook, estabeleceu parcerias com operadoras de telecomunicações para expandir seu alcance.

Casos de sucesso e lições aprendidas

Startups de sucesso frequentemente revisitam e ajustam seus modelos de negócios à medida que crescem e aprendem mais sobre o mercado. A Netflix começou como um serviço de aluguel de DVDs pelo correio antes de pivotar para streaming, antecipando mudanças nas preferências dos consumidores. Esse exemplo ilustra a importância de ser flexível e estar disposto a adaptar o modelo de negócios conforme necessário. Neste caso, o Business Model Canvas pode ser utilizado para “simular” as ideias de melhorias e verificar, mesmo que em alto nível, a viabilidade da hipótese analisando cada um dos critérios da ferramenta.

Estratégias para implementação

  1. Validação de hipóteses: Utilizar métodos como o Lean Startup para testar hipóteses de mercado com o mínimo produto viável (MVP), ajustando rapidamente com base no feedback do cliente.

  2. Foco no cliente: Manter um foco constante nas necessidades do cliente e nas tendências do mercado, adaptando a proposta de valor e a entrega conforme necessário.

  3. Escalabilidade: Desde o início, planejar como o modelo de negócios pode ser escalado para atender a um mercado maior, garantindo que a infraestrutura e os recursos possam suportar o crescimento



Ao identificar claramente a proposta de valor, entender profundamente o público-alvo, e estruturar uma estratégia financeira viável, as Startups podem não apenas atrair investimentos, mas também construir uma base sólida para crescimento sustentável.

Além disso, é crucial manter uma mentalidade de aprendizado constante e estar disposto a pivotar ou ajustar a direção quando necessário. As startups que adotam essa abordagem têm mais chances de se adaptar às mudanças do mercado, superar desafios e aproveitar novas oportunidades. Em um mundo onde a inovação é a chave para a sobrevivência, a modelagem de negócios não é apenas uma etapa inicial, mas um processo contínuo de evolução e refinamento.

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Luciane Schwalbe

Luciane Schwalbe é uma profissional multifacetada. Formada em Ciências da Computação, atua há mais de 20 anos fomentando o protagonismo da tecnologia nos negócios. Atualmente, ela está como Head of Alliances & Partners na ilegra, uma empresa líder em tecnologia, estratégia e inovação trabalhando com parceiros como Google, monday.com , Microsoft/GitHub, Datadog e Hashicorp. Luciane também é consultora em negócios, mentora de startups e compartilha seu conhecimento como professora universitária na ESPM, inspirando a próxima geração de líderes em tecnologia. Sua jornada inclui ainda passagens como empreendedora e conselheira da REDE Líderes Digitais. Academicamente, possui ainda MBA em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação, Mestrado em Design Estratégico e Inovação e é certificada em Business Dynamics pelo MIT (EUA)

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