Liderando em tempos de crise

agosto, 2024‎ ‎ ‎ |

‎Por Juarez Borges Filho

Crises são essenciais para a criação de ciclos de inovação. Este é o conceito introduzido em 1939 por Joseph Schumpeter, um dos mais influentes economistas do século 20. De acordo com sua teoria, o ciclo do negócio segue um padrão composto por ciclos de prosperidade, recessão, depressão e recuperação.

Saber navegar em ciclos de recessão e depressão é o que determina a longevidade e sustentabilidade de qualquer modelo de negócio. Portanto, líderes que desenvolvem habilidades em lidar com crises são tão valorizados.

Entende-se por crise, qualquer alteração brusca e relevante que impacta negativamente o status quo da organização do ponto de vista financeiro, reputacional ou legal. Ela pode ser gerada por fatores intrínsecos ou extrínsecos à organização.

Fatores intrínsecos são geralmente controláveis e costumam se materializar devido a estratégias e gestão ineficientes. Por outro lado, há fatores incontroláveis extrínsecos compostos por eventos adversos relacionados ao ambiente político, econômico ou socioambiental no qual o negócio se encontra inserido.

Cabe ao líder compreender que tais fatores não são mutuamente excludentes e podem contribuir para a crise de maneira combinada. Desta forma, para sobreviver a crises, torna-se necessário o desenvolvimento de ferramentas que permitam o fortalecimento de controles internos que minimizem impactos externos.

Há uma série de modelos de gestão de crises, no entanto, todos eles podem ser resumidos em um binômio simples, composto por preparação e reação. Quanto melhor for a preparação, menor será o tempo de reação.

Na etapa de preparação é necessário garantir que políticas e procedimentos de reposta a crises estão bem definidos e possuem informações claras sobre os eventos em escopo, quem será envolvido, quando as etapas serão realizadas e como a reação ocorrerá em cada situação.

De nada valem os procedimentos sem um treinamento constante. Simulações de situações reais são indispensáveis para criar “memória muscular” nos evolvidos e garantir uma reação efetiva em um caso real.

Outro ponto importante a ser observado é a diversificação de fornecedores. Para serviços essenciais para a manutenção do negócio, redundâncias e diversificação de fornecedores são imperativas para prevenir a disrupção das atividades de negócio.

Uma vez finalizada a preparação, precisamos saber lidar com um evento real. Quando uma crise se materializa, o líder precisa tomar as rédeas da situação e agir como um maestro, para que todos os atores envolvidos desempenhem suas ações em harmonia. A inteligência emocional é primordial nestes casos, a fim de evitar o pânico generalizado e ao mesmo tempo tomar decisões de forma consistente e tempestiva.

Cabe ao líder isolar os problemas e estabelecer um war room com os stakeholders, para que assim todos possam se debruçar no tema sem distrações. Uma comunicação efetiva é essencial para prevenir que o problema se dissemine de maneira inadequada dentro e fora da organização. Saber priorizar e negociar com diversos interlocutores é algo que será necessário para conter danos e viabilizar a recuperação rápida do negócio.

Precisamos ter em mente, que para sair da crise não existe uma fórmula mágica. Em algumas situações, a organização precisará se reinventar, por isso o foco no curto prazo pode comprometer a sobrevivência do negócio nos médio e longo prazos.

No entanto, uma forma efetiva de lidar com crises é aprender com o erro e acerto de outras organizações. Entender o que ocorreu com os seus pares, precisa ser um exercício constante e ajuda a identificar pontos de melhoria nos seus controles internos.

Juarez-Borges_C

Juarez Borges Filho

Sr. Director Global Entity Management (GEM) LATAM & Diretor Geral Brasil – PayPal.

Administrador de Empresas, formado pela Fundação Armando Alvares Penteado-FAAP, com especialização em Finanças e Controladoria pela University of LaVerne (CA, EUA) e Gestão Avançada de Empresas pela Universitat Autònoma de Barcelona (Barcelona, Espanha), além de MBA em Gestão Empresarial pela Brazilian Business School – BBS e MBA em Compliance e Gestão de Risco de Fraude pela Fundação Instituto de Administração – FIA. Com experiência de 20 anos no mercado financeiro e passagem por bancos de investimento como Merrill Lynch, HSBC e Goldman Sachs, ingressou no PayPal como Sr. Director de Global Entity Management para a América Latina em 2021, assumindo as posições de Diretor Geral perante o Banco Central do Brasil e Membro do Conselho de Administração para a Guatemala.

Quem também está com a gente

Empresas, Startups, Centros de Pesquisa e Investidores

Você está sendo ágil o suficiente?

Inscreva-se. Somos a maior REDE de Lideranças da Inovação Digital