Como transformar o RH com uma cultura data-driven?

novembro, 2024‎ ‎ ‎ |

‎Por Mônica Doria

A transformação digital está reformulando todos os departamentos dentro das empresas, e o RH não é uma exceção. Em um cenário de rápidas mudanças e competitividade crescente, líderes empresariais e de tecnologia buscam maneiras mais inteligentes e eficientes de gerenciar seus talentos. Nesse contexto, a adoção de uma cultura data-driven no RH tornou-se não apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para otimizar processos, tomar decisões mais informadas e, finalmente, impulsionar o desempenho organizacional.

Adotar uma mentalidade orientada por dados no departamento de Recursos Humanos significa utilizar análises profundas para melhorar áreas como recrutamento, retenção de talentos, desenvolvimento de competências e engajamento dos colaboradores. Mas como os líderes de RH e tecnologia podem implementar essa transformação e quais são os benefícios tangíveis dessa abordagem?

O que é “cultura data-Driven” no RH?

Antes de abordarmos os detalhes práticos, é fundamental entender o conceito de uma cultura data-driven. Em termos simples, uma organização data-driven toma decisões baseadas em dados concretos, em vez de depender de suposições ou intuições. No contexto de Recursos Humanos, isso envolve o uso de dados e análises para guiar decisões relacionadas a recrutamento, desenvolvimento, bem-estar dos colaboradores, e até mesmo à criação de planos de sucessão.

Adotar essa cultura significa mais do que apenas implementar ferramentas tecnológicas. É necessário também promover uma mudança de mentalidade, onde as decisões sejam tomadas com base em métricas claras, indicadores de desempenho (KPIs) e insights extraídos de big data, analytics e inteligência artificial.

Para líderes de tecnologia e empresários, essa transição é crítica para obter vantagens competitivas no mercado. Então,o  RH data-driven não apenas otimiza a performance do departamento, mas também aumenta a eficiência organizacional como um todo, ao alinhar melhor as necessidades da empresa com o capital humano disponível.

Benefícios da cultura data-driven no RH

A adoção de uma cultura orientada por dados no RH oferece uma série de benefícios que vão desde a melhora na eficiência dos processos até a capacidade de prever e mitigar problemas antes que eles ocorram.

Com o data-driven no RH, há uma melhoria no processo de recrutamento, o processo tradicional muitas vezes se baseia em fatores subjetivos, como a “impressão” que o recrutador tem de um candidato. Com a introdução de uma abordagem data-driven, as empresas podem usar dados para melhorar a qualidade das contratações. Ferramentas de análise preditiva podem, por exemplo, identificar padrões de desempenho em candidatos anteriores e cruzar esses dados com as necessidades da empresa, garantindo que a contratação seja mais assertiva.

De acordo com um estudo da McKinsey, empresas que utilizam people analytics de maneira eficiente têm 25% mais produtividade e podem melhorar em até 50% suas taxas de retenção de talentos. Essa melhoria ocorre quando a organização integra dados de maneira estratégica ao processo de tomada de decisão, especialmente em recrutamento e gestão de talentos.

Também há um aumento na retenção de talentos, uma das maiores preocupações dos líderes empresariais é essa retenção. A cultura data-driven permite que o RH identifique precocemente os sinais de que um colaborador pode estar insatisfeito ou pensando em sair da empresa. Com o uso de análise de dados comportamentais, a empresa pode monitorar níveis de engajamento e tomar medidas proativas para melhorar a satisfação do colaborador, reduzindo assim as taxas de rotatividade.

Além disso, é possível segmentar e entender os diferentes grupos dentro da organização, personalizando programas de desenvolvimento, recompensas e incentivos com base em dados reais, tornando o ambiente de trabalho mais atrativo para diferentes perfis de colaboradores.

A cultura de aprendizado contínuo é essencial em um mercado onde as habilidades mudam rapidamente. O RH data-driven pode identificar lacunas de competência dentro da equipe e oferecer treinamentos personalizados para preencher essas lacunas. A análise de desempenho também pode identificar quais colaboradores estão prontos para promoções ou mudanças de cargo, com base em dados de performance e comportamento.

De acordo com uma pesquisa da McKinsey, empresas que adotam uma abordagem orientada por dados para a gestão de talentos têm uma probabilidade 30% maior de melhorar os resultados de negócios, incluindo aumentos na produtividade e na retenção de talentos. A pesquisa destaca que o uso de people analytics ajuda a tomar decisões mais informadas sobre o desenvolvimento e o desempenho dos funcionários.

O engajamento dos colaboradores é uma métrica crucial para medir a saúde organizacional. Com o uso de ferramentas analíticas, o RH pode coletar dados de várias fontes, como pesquisas de clima, feedbacks em tempo real, e até mesmo comportamento nas plataformas de comunicação internas. Esses dados permitem uma visão holística do bem-estar dos colaboradores, ajudando os gestores a criar estratégias mais eficientes para aumentar o engajamento e, consequentemente, a produtividade.

Como implementar uma cultura data-driven no RH

O primeiro passo é garantir que a organização tenha as ferramentas adequadas. Isso pode incluir sistemas de gestão de talentos (TMS), plataformas de people analytics e softwares de monitoramento de desempenho. É importante utilizar ferramentas que possam oferecer o eNPS dos colaboradores e medir seu grau de engajamento, além de coletar e analisar dados sobre a equipe.

Também é importante capacitar as equipes de RH; ter as ferramentas é uma parte do processo, mas é igualmente importante treinar a equipe de RH para usá-las corretamente. O time precisa estar confortável com a análise de dados e entender como extrair insights acionáveis. Isso pode exigir programas de capacitação e, em alguns casos, a contratação de especialistas em análise de dados.

Uma cultura data-driven depende de métricas bem definidas. As empresas devem estabelecer KPIs claros que possam ser medidos de forma consistente. Algumas métricas importantes no RH incluem taxa de retenção, tempo médio de contratação, nível de satisfação dos colaboradores, e retorno sobre investimento (ROI) em treinamentos e desenvolvimento.

Por fim, a mudança cultural deve acontecer em todos os níveis da organização. Isso envolve não apenas o departamento de RH, mas todos os gestores e líderes de equipe, que precisam adotar uma abordagem baseada em dados para tomar decisões. Incentivar o uso de dados em reuniões e relatórios pode ajudar a criar essa mentalidade analítica.

A cultura data-driven está rapidamente se tornando um dos pilares do sucesso organizacional no século XXI. Para o departamento de Recursos Humanos, essa abordagem não só melhora processos operacionais, como recrutamento e retenção, mas também oferece uma visão mais estratégica sobre o capital humano da empresa.

A adoção dessa cultura exige investimentos em tecnologia, treinamento e uma mudança de mentalidade, mas os resultados são inegáveis: melhor desempenho, colaboradores mais engajados e uma organização mais ágil e competitiva. Para líderes de tecnologia e RH, o momento de abraçar essa transformação é agora.

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CONSELHEIR@

Mônica Doria Guidoni

Executiva de RH Sênior com mais de 20 anos de experiência em grandes organizações, incluindo Grupo SmartFit, TotalPass, UCorp, Jovem Pan, Adriana Degreas e Atento. Possui trajetória diversificada nos setores de Saúde e Bem-Estar, Serviços, Tecnologia, Mobilidade, Startups, Varejo, Indústria, Rádio, TV, Comunicação, Mídia e Outsourcing.

Liderança em Empresas Nacionais e Latam, com especialização em Recursos Humanos, Gestão de Pessoas, Vendas, Produtos e Serviços, Customer Success, Business Partner, Desenvolvimento de Liderança, Desenvolvimento Organizacional, Transformação Digital, Melhoria de Processos e Conselheira de Startups.

Destaca sua experiência no Grupo SmartFit, onde atuou por 17 anos, assumindo diversas funções e desafios. Iniciou sua carreira como Sales Manager em uma das unidades do grupo, posteriormente liderou a implantação das Vendas B2B. Em seguida, foi responsável pelo início das operações da TotalPass, ocupando cargos que variaram de Head of Sales B2B e Head of Operations até chegar à posição final como Head of People.

Possui experiência significativa em ambientes de Startup, incluindo a formação de squads e a aplicação de metodologias ágeis. Foi responsável por iniciar as operações da TotalPass (100% B2B) desde sua fase inicial até a aceleração e crescimento, além de contribuir para a UCorp (spin-off do Itaú) durante sua fase de operação e crescimento, estruturando a área de People.

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