Como a tecnologia está transformando o mercado esportivo?

novembro, 2024‎ ‎ ‎ |

‎Por Bruna Botelho

O mercado esportivo, historicamente impulsionado pelo entusiasmo dos fãs e pela paixão pelos esportes, está passando por uma transformação acelerada com o avanço da tecnologia e da inovação. O que antes era limitado a arenas físicas e transmissões televisivas agora se expande para plataformas digitais, experiências imersivas e análises baseadas em dados. A inovação tecnológica está remodelando completamente a forma como empresas, clubes esportivos, atletas e até mesmo torcedores interagem com o ecossistema esportivo.

Para líderes de tecnologia e empresários, entender essas mudanças é crucial para identificar novas oportunidades de negócios, monetizar audiências de maneiras mais eficazes e alavancar o valor da marca em um mercado cada vez mais competitivo e digital.

O papel da tecnologia no mercado esportivo

A digitalização do mercado esportivo tem sido uma das maiores transformações nas últimas décadas. Plataformas digitais e mídias sociais permitem que fãs ao redor do mundo se conectem com seus esportes e atletas favoritos em tempo real. Por exemplo, a NBA foi pioneira ao usar plataformas como o Instagram e o Twitter para engajar torcedores, promovendo conteúdos exclusivos e transmissões ao vivo diretamente para seus dispositivos móveis, segundo a Spokesman Recorder. Isso abre novas formas de monetização através de assinaturas, publicidade direcionada e até vendas diretas de produtos.

Além disso, tecnologias de streaming, como o DAZN e o Amazon Prime Video, ou canais do YouTube como a TV Cazé da LiveMode, estão substituindo os modelos tradicionais de transmissão, permitindo que os consumidores assistam a eventos esportivos sob demanda e de qualquer lugar. Segundo um estudo da PwC, o mercado global de esportes deve crescer 3,3% anualmente até 2025, com grande parte desse crescimento impulsionado pelas novas formas de entrega de conteúdo digital.

A Realidade Virtual (VR) e a Realidade Aumentada (AR) estão trazendo novas formas de entretenimento para os fãs. Empresas como Oculus e Sony estão desenvolvendo experiências imersivas que permitem que os torcedores “entrem” no jogo sem sair de casa. Imagine assistir a uma partida de futebol do ponto de vista do jogador ou explorar um estádio antes de um grande evento esportivo. Essas inovações não apenas aumentam o engajamento dos fãs, mas também criam novas oportunidades de receita através de parcerias e patrocínios de marcas.

Segundo dados da Deloitte, a receita gerada por experiências de realidade virtual e aumentada no esporte deve atingir US$2,4 bilhões até 2025. Isso inclui desde bilhetes virtuais para eventos ao vivo até integrações com plataformas de e-commerce, permitindo aos usuários comprar produtos que estão vendo diretamente no ambiente imersivo.

A revolução dos dados no esporte

O uso de análise de dados no esporte tem sido uma virada de jogo tanto para atletas quanto para equipes. Softwares de análise de desempenho, como o SAP Sports One, utilizam Big Data para monitorar e analisar o desempenho de jogadores em tempo real. Essas análises podem ajudar os treinadores a ajustarem estratégias, monitorar a fadiga dos atletas e até prever lesões antes que elas aconteçam.

O futebol, em particular, tem visto uma revolução no uso de dados, com clubes como o Liverpool FC e o Manchester City utilizando plataformas de inteligência artificial e análise preditiva para otimizar a performance dentro e fora de campo. Estudos mostram que equipes que utilizam essas tecnologias podem melhorar seu desempenho em até 30%, de acordo com uma pesquisa da Deloitte. Empresas como Walmart, por exemplo, implementaram VR para treinamento, resultando em uma melhora de 30% na satisfação e desempenho dos trainees em comparação com métodos tradicionais. No esporte, essas tecnologias podem ser usadas para simular ambientes de competição e aprimorar as habilidades dos atletas sem os riscos de treinos físicos intensos​.

Além do desempenho dos atletas, a análise de dados está sendo utilizada para personalizar a experiência do torcedor. Plataformas como a IBM Watson estão sendo aplicadas para analisar o comportamento do consumidor, desde as preferências de compra até os momentos exatos em que os fãs estão mais engajados durante uma partida. Isso permite que clubes e marcas ofereçam conteúdos e produtos personalizados, maximizando o retorno sobre o investimento em marketing.

Por exemplo, a La Liga, liga de futebol profissional da Espanha, utiliza IA para criar recomendações de conteúdos personalizadas para os seus usuários, com base em seus hábitos de consumo, de acordo com a Globant. Essa personalização aumenta o engajamento dos fãs e cria oportunidades de vendas diretas de produtos e serviços, como ingressos, camisetas e assinaturas.

Oportunidades de crescimento e monetização

Uma das áreas de crescimento mais acelerado dentro do mercado esportivo é o e-sports. Em 2018 tive a oportunidade de desenvolver a primeira equipe de e-sports de automobilismo virtual, “RallyTimão” dentro de um clube de futebol, o Sport Club Corinthians Paulista. Equipe pioneira que abriu portas para que várias outras equipes se formassem no país e no mundo. Empresas tradicionais do esporte, como clubes de futebol, estão entrando nesse mercado. O Paris Saint-Germain (PSG) e o FC Barcelona, por exemplo, já têm suas equipes de e-sports, aumentando sua visibilidade e acessando um novo público jovem, altamente digital e engajado. A monetização desse público inclui desde venda de ingressos para torneios até patrocínios e venda de produtos licenciados.

Hoje em dia, esse segmento já não pode ser ignorado, pois atrai milhões de espectadores e gera bilhões de dólares em receita. De acordo com a Newzoo, o mercado global de e-sports deve ultrapassar US$1,6 bilhão em 2024, com uma base de espectadores que pode chegar a 577 milhões de pessoas globalmente.

Com a crescente digitalização, as oportunidades de patrocínio e marketing no esporte também evoluíram. As marcas agora têm acesso a dados em tempo real sobre o comportamento dos fãs, permitindo campanhas de marketing mais direcionadas e eficazes. Além disso, o patrocínio digital oferece oportunidades únicas, como a integração de marcas em plataformas de streaming, nas redes sociais dos atletas e até mesmo dentro de jogos virtuais.

A EMR fez uma estimativa de que o mercado global de patrocínios esportivos deve atingir cerca de US$76,3 bilhões em 2023, com um crescimento contínuo estimado em 8,7% ao ano até 2032. Grande parte desse valor será impulsionada pela digitalização e eventos virtuais, que estão se tornando uma prioridade para marcas que buscam engajar audiências globais. Empresas de tecnologia e startups de análise de dados estão bem posicionadas para capturar parte desse mercado em crescimento, oferecendo soluções que melhoram a entrega e a mensuração do retorno sobre o investimento em patrocínios.

O mercado esportivo está passando por uma transformação profunda, impulsionada por inovações tecnológicas e a crescente importância dos dados. Para empresários e líderes de tecnologia, essa mudança apresenta uma infinidade de oportunidades de crescimento, desde o uso de realidade virtual para melhorar a experiência do consumidor até o desenvolvimento de novas estratégias de monetização através de análise de dados e personalização. O e-sports, em particular, é um campo de crescimento acelerado, pronto para ser explorado por empresas visionárias e que pode trazer uma vasta capilaridade para desenvolvimento e oferta digital de produtos licenciados aos fãs. O que traz o benefício de BI (Business Intelligence), análise de indicadores e KPIs para medir e predizer o engajamento com as marcas e tendências de consumo.

À medida que a tecnologia continua a evoluir, aqueles que se adaptarem e inovarem estarão posicionados para liderar o mercado esportivo global nos próximos anos.

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CONSELHEIR@

Bruna Botelho

Bruna Botelho é uma empresária pioneira em inovação digital e fintech, atuando como CEO e fundadora da StadiumGO, a primeira FinSportech do mundo focada na captação de recursos para crédito, dívida e financiamento esportivo. Através de intermediação com fundos de investimento e tokenização de ativos em sua plataforma, inclui torcedores e investidores de varejo no mercado esportivo, atendendo grandes clubes e empresas. Bruna também lidera a LeadsAI, uma startup que utiliza inteligência artificial e big data para captação de leads qualificados e mapeamento de indústrias, além de prestar consultoria em Planejamento Estratégico Corporativo.

Com experiência em criptoativos, tokenização, blockchain e inteligência artificial, Bruna já atuou como CMO no Aliança Atlética Futebol Clube e na equipe de automobilismo e eSports do Sport Club Corinthians. Ela também liderou o marketing na Five Soccer Agência, do Pentacampeão Edmilson Morais. Reconhecida pelo seu trabalho, recebeu prêmios como “Quality in Business” e “Inovação Financeira” (Trade Council, Go Global Awards 2021), 3º Prêmio e Fórum São Paulo de Empreendedorismo no Esporte (Gov. de SP, ABRIESP, DesenvolveSP, CNS), e “Inovação Digital Sudamericana” (Confut Sudamerica).

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