Diversidade nos games transformando a indústria de jogos

novembro, 2024‎ ‎ ‎ |

A indústria de jogos eletrônicos é uma das que mais crescem globalmente, com previsão de movimentar mais de 321 bilhões de dólares até 2026. No entanto, ao longo dos anos, o setor enfrentou desafios significativos em relação à diversidade e inclusão. A demanda por experiências que reflitam uma maior variedade de histórias, personagens e representações culturais é cada vez mais evidente, não apenas pelos jogadores, mas também pelos profissionais e empresas que lideram essa indústria.

É sabido a importância dos jogos no desenvolvimento das pessoas e especialmente na saúde mental de grupos minorizados, que promove a Redução do Estresse e Ansiedade, o Estímulo Cognitivo e Terapia e uma maior Socialização e Construção de Comunidade.

A importância da diversidade nos jogos

Estudos mostram que os jogos que oferecem diversidade de representações têm maior potencial para engajar uma base de jogadores ampla e variada. Segundo o 2024 GLAAD Gaming Report, a inclusão de personagens LGBTQ+ e de diferentes etnias, gêneros e culturas não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma vantagem competitiva que ajuda a atrair e reter jogadores de diferentes origens​(GLAAD). Essa representação autêntica permite que mais jogadores se sintam vistos e valorizados, criando uma experiência de jogo enriquecida por essas narrativas diversificadas.

Acessibilidade e inclusão para jogadores com necessidades de acessibilidade

A acessibilidade é um aspecto essencial da diversidade nos jogos, especialmente para jogadores com necessidades de acessibilidade física. Iniciativas como o Xbox Adaptive Controller, lançado em 2018, foram criadas para permitir que jogadores com mobilidade reduzida possam participar plenamente do universo dos games. Este controlador modular facilita a jogabilidade, permitindo a customização de botões e conectividade com diversos dispositivos de entrada. Empresas que investem em recursos como esse demonstram seu compromisso com a inclusão e garantem que todos possam desfrutar dos jogos, independentemente de suas necessidades específicas​ ​(Microsoft Developer).

De acordo com a Women in Games e o GDC 2024 Report, muitas empresas estão começando a incorporar práticas de design inclusivas, como legendas personalizáveis, opções de controle por voz e níveis ajustáveis de dificuldade. Essas práticas não apenas facilitam a jogabilidade para pessoas com deficiências, mas também aprimoram a experiência para todos os jogadores, criando jogos mais acessíveis e inclusivos​(Women in Games).

Inclusive aqui no Brasil temos a Able Gamer que é uma ONG que tem desenvolvido controle adaptados para pessoas com deficiência e tem promovido a inserção de pessoas com deficiência na indústria de games. E temos a Bolha uma venture studio que inclusive desenvolveu um boné para pessoas surdas e cegas poderem jogar video games.

Inovações e iniciativas para aumentar a inclusão

Empresas como a Microsoft, através do Xbox, têm liderado esforços para promover a inclusão de forma estruturada. Através da iniciativa “Gaming for Everyone,” a Xbox lançou uma estrutura de inclusão que oferece recursos e guias para que desenvolvedores integrem a inclusão de maneira intencional em seus produtos. Essa estrutura abrange aspectos como acessibilidade, representação, abordagem global e personalização, com o objetivo de tornar os jogos acessíveis e agradáveis para uma audiência diversificada​(Microsoft Developer). O compromisso com a inclusão, quando abordado de maneira holística, pode ajudar a expandir o alcance dos jogos e a criar um vínculo mais profundo com a comunidade de jogadores.

A influência dos jogos na sociedade e nas futuras gerações

O poder dos jogos de influenciar culturas e comportamentos é inegável. Diversidade e inclusão não são apenas valores empresariais, mas também elementos que moldam as interações sociais e as percepções culturais dos jogadores. O impacto de personagens e histórias diversas é tão significativo que muitos jogadores se sentem inspirados e encorajados a serem mais inclusivos e empáticos em suas próprias vidas. Segundo a Women in Games, muitos jogadores de diferentes origens relatam que se sentem mais conectados com o jogo e com a comunidade quando veem representações autênticas de suas identidades​(Women in Games).

Benefícios para empresas que investem em diversidade

Além dos ganhos sociais e culturais, há benefícios financeiros substanciais para empresas que promovem a diversidade em seus produtos e no local de trabalho. Estudos indicam que jogos com maior diversidade de personagens e histórias não só vendem mais, como também têm uma base de fãs mais leal. Isso cria um ciclo positivo, em que o sucesso de jogos inclusivos incentiva mais investimentos em diversidade, melhorando tanto a cultura corporativa quanto a experiência do consumidor.

Promover a diversidade e inclusão no setor de games não é apenas uma tendência passageira, mas uma necessidade estratégica para qualquer empresa que deseja prosperar neste mercado competitivo. Com o apoio de iniciativas robustas e práticas inclusivas, a indústria de jogos tem o potencial de ser um exemplo de como a tecnologia pode refletir e celebrar a diversidade da sociedade. Líderes de tecnologia e empresários que investem em inclusão estão contribuindo para a construção de uma indústria mais justa e inovadora.

Dicas de como começar:

Um ponto importante é como começar, fica muito mais em conta se começar a pensar desde o início em acessibilidade, fazer depois não fica legal e demanda um investimento muito maior. Trazemos algumas dicas:

  1. Envolver sempre pessoas de grupo minorizados na conversa e desenvolvimento, existem consultores que fazem esse trabalho, mas trabalhar em squads e com essas pessoas para validarem será o melhor,

  2. Não achar que por estar trabalhando está criando produtos para esse nicho, pense no desenvolvimento geral, trabalhando com esse público você tem uma chance maior de construir produto que atenda a todas as pessoas,

  3. Oferecer opções de personalização: Permita que os usuários ajustem elementos visuais (tamanho de fonte, contraste, legendas), auditivos (níveis de som, descrições), e de controle (teclado, controle adaptado). Essa flexibilidade melhora a experiência para todos, não apenas para pessoas com deficiência.

  4. Incorporar feedback de forma contínua: Garanta que o ciclo de feedback com a comunidade de pessoas com deficiência seja constante. Revisões periódicas com esse público ajudam a manter o produto atualizado e adaptado a novas necessidades.

  5. Focar na compatibilidade com tecnologias assistivas: Assegure-se de que o produto funcione com leitores de tela, teclados adaptados e outras tecnologias assistivas. Testar essas compatibilidades é essencial para garantir que o produto realmente atenda aos usuários que dependem dessas ferramentas.

  6. Treinar toda a equipe sobre acessibilidade e inclusão: Desde desenvolvedores até profissionais de marketing, todos devem compreender a importância e os princípios de acessibilidade. Um time bem treinado terá mais clareza sobre como aplicar esses conceitos em suas respectivas áreas.

  7. Medir e ajustar constantemente: Acessibilidade não é um esforço pontual. Monitore métricas específicas de uso para usuários com deficiência e faça ajustes contínuos. Ferramentas de monitoramento podem ajudar a entender onde e como os usuários enfrentam desafios, permitindo aprimoramentos constantes.
Glaucio-Marques_1910

CONSELHEIR@

Glaucio Marques

CEO da Level Up Latam. Atuando a mais de 15 anos no mercado de games. A Level Up foi a primeira empresa a trazer jogos online totalmente localizados para o mercado brasileiro. Atualmente, opera com publicação, distribuição e serviços de publicação para jogos no Brasil e na América Latina.

Thierry-Marcondes_1910

CONSELHEIR@

Thierry Marcondes

Engenheiro mecânico (com ênfase em Petróleo) pela Unicamp, fundador das startups (deep tech) Evolucar (sensor para combustível e automatizador de setas) e Avitus (eficiência energética para transporte). Descobriu seu propósito: “promover autonomia através da acessibilidade e responsabilidade socioambiental” e ensinas as empresas a verem acessibilidade como uma estratégia de negócios, onde dá palestras (ministou para mais de 20 empresas, desde Google, Microsoft, Meta, Mondelez, Loreal…). Lidera Acessibilidade e Inovação na Accenture, onde também cuida de relacionamento com ecossistema e parcerias. É conselheiro das startups 2.5 Ventures e ONG Wylinka, já liderou transformação digital e industria 4.0 na L’oreal e voluntário nos conselhos do Unicamp Ventures e Frotas e Fretes Verdes. Acredita que os surdos revolucionarão o mundo e impulsionarão novas tecnologias.

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