Como uma estratégia de Go-to-Market impacta a transformação organizacional?

‎Por Michele Uema

O cenário de negócios atual exige que empresas estejam em constante transformação para se manterem competitivas e preparadas para enfrentar mudanças rápidas. Em um mercado onde o comportamento do consumidor e as tecnologias evoluem constantemente, líderes de tecnologia e empresários precisam de estratégias robustas de go-to-market e transformação organizacional para garantir o crescimento sustentável de suas organizações.

A importância de uma estratégia de Go-to-Market (GTM) bem definida

Para liderar um projeto de transformação organizacional, é essencial que a empresa tenha uma estratégia de go-to-market que seja clara e direcionada para capturar novas oportunidades de mercado. A estratégia de GTM não apenas define como uma empresa lançará um produto ou serviço, mas também como ela se posicionará no mercado, quais segmentos priorizará e quais canais utilizará.

Um aspecto crucial de um GTM eficaz é a integração entre vendas, marketing e operações. Estudos do Linkedln indicam que empresas que alinham suas equipes de vendas e marketing experimentam uma taxa de crescimento de receita até 20% superior em relação àquelas que operam de forma fragmentada. Esse alinhamento melhora as taxas de fechamento de negócios e a retenção de clientes, resultando em um aumento significativo no desempenho financeiro. Para alcançar esse alinhamento, é importante garantir que todos os departamentos tenham uma visão compartilhada dos objetivos estratégicos e das metas de longo prazo. Isso não só facilita a execução, mas também melhora a capacidade de resposta da organização às mudanças do mercado.

Exemplo prático: Imagine uma empresa de tecnologia que redesenha seu GTM para focar no mercado de pequenas e médias empresas (PMEs) com uma solução simplificada de SaaS. Ao alinhar seu marketing e vendas em torno de mensagens específicas para PMEs e integrar operações para suportar demandas de alta escala, a empresa consegue se posicionar melhor e crescer em um nicho antes inexplorado.

Redefinindo modelos operacionais para sustentabilidade

Para capturar novas oportunidades de mercado, a transformação não deve ocorrer apenas na forma como a empresa se apresenta ao mercado, mas também em sua estrutura operacional. Um modelo operacional bem estruturado permite maior agilidade, eficiência e capacidade de adaptação às demandas do mercado. Um estudo da McKinsey, indica que empresas que adotam estratégias de redesenho de processos e implementação de tecnologias da Indústria 4.0 frequentemente alcançam até 30% de ganho em produtividade. Esses ganhos são atribuídos à automatização e digitalização de processos, o que permite realizar mais tarefas com menos recursos e tempo, aumentando a eficiência operacional.

No redesenho operacional, é fundamental avaliar todas as etapas da cadeia de valor e identificar onde estão os gargalos. Isso pode envolver a reavaliação dos processos internos, a otimização de recursos e até a automação de tarefas repetitivas. Além disso, líderes precisam garantir que o novo modelo operacional esteja em sintonia com a proposta de valor da empresa e com os objetivos estratégicos de longo prazo.

Prática recomendada: Adotar metodologias ágeis em operações pode ser uma estratégia poderosa. Ao implementar sprints e ciclos de feedback contínuo, as empresas conseguem ajustar processos e responder rapidamente às mudanças do mercado, promovendo uma execução mais eficiente.

Transformação organizacional não é apenas uma questão de estratégia e processos. A cultura da empresa exerce um papel vital em garantir que as mudanças sejam sustentáveis a longo prazo. Outros estudos da McKinsey confirmam que cerca de 70% dos projetos de transformação falham, e uma das razões frequentemente apontadas é a falta de alinhamento entre a cultura organizacional e os objetivos de mudança. As barreiras culturais e a falta de adesão dos colaboradores são fatores críticos que impactam negativamente o sucesso dessas transformações organizacionais.

Promover uma cultura organizacional que sustente a transformação envolve engajamento e comunicação transparente. É essencial que os colaboradores compreendam e acreditem nos objetivos de mudança, e que estejam preparados para atuar de acordo com os novos valores e práticas da empresa. Isso requer líderes que não apenas comuniquem as mudanças, mas que liderem pelo exemplo, incentivando comportamentos que apoiem os novos rumos da organização.

Estratégia: Investir em programas de capacitação e workshops de desenvolvimento pessoal pode ser uma ótima forma de preparar a equipe para mudanças. O conceito de “learning by doing” permite que os colaboradores adquiram habilidades práticas e se sintam mais confiantes para contribuir ativamente no processo de transformação.

Enablement como ferramenta para execução de alto impacto

A transformação organizacional bem-sucedida depende da capacidade de execução das equipes. Isso significa que líderes devem priorizar práticas de Enablement — um conjunto de estratégias e ferramentas que capacitam os times de vendas, marketing e operações a desempenharem suas funções com eficiência e impacto. Enablement não se limita ao treinamento. Ele envolve também o fornecimento de ferramentas tecnológicas, documentação de processos e recursos que otimizem o trabalho dos colaboradores. Segundo a pesquisa divulgada pela Spark Community, empresas que adotam práticas robustas de Enablement podem aumentar em até 15% a performance de suas equipes de vendas. Essa prática é especialmente útil em cenários de transformação, onde as equipes precisam de agilidade e clareza para adotar novas estratégias e processos.

Exemplo de enablement: Implementar uma plataforma de CRM unificada que centralize todas as informações de clientes e permita uma visão holística das interações é um excelente exemplo de Enablement em ação. Isso não só ajuda o time de vendas a entender melhor os clientes, mas também facilita a colaboração com as equipes de marketing e operações.

Cases de sucesso: transformando empresas com estratégias de impacto

Diversas empresas já conseguiram transformar seus modelos de negócios e alcançar um crescimento sustentável por meio de estratégias robustas de go-to-market e transformação organizacional. Um exemplo marcante é o da IBM, que, em meados dos anos 2000, reposicionou seu foco de produtos de hardware para serviços de consultoria e soluções de tecnologia. Esse movimento foi acompanhado por uma profunda transformação cultural e estrutural, permitindo que a empresa ganhasse novos mercados e aumentasse sua relevância em meio à era digital. Outro caso relevante é o da Microsoft, que, sob a liderança de Satya Nadella, transformou sua cultura interna para promover maior colaboração e inovação. Essa mudança cultural foi fundamental para o sucesso de seu reposicionamento no mercado de nuvem, o que impulsionou o crescimento de receita e consolidou a Microsoft como uma das líderes no setor de tecnologia. Finalmente, o Nubank, no Brasil, é um exemplo de como a integração entre áreas e o Enablement podem alavancar o crescimento em um setor altamente competitivo. Ao adotar uma estratégia de GTM inovadora e capacitar suas equipes com ferramentas e treinamento, o Nubank conseguiu escalar rapidamente, conquistar milhões de clientes e se tornar uma das maiores fintechs da América Latina.

Para empresas que desejam capturar novas oportunidades de mercado e garantir um crescimento sustentável, uma transformação organizacional eficaz é essencial. Isso exige uma estratégia de go-to-market clara, um modelo operacional alinhado, uma cultura organizacional robusta e um forte compromisso com práticas de Enablement.

Portanto, líderes de tecnologia e empresários devem lembrar que a transformação não é um evento único, mas um processo contínuo de adaptação e melhoria. Ao aplicar essas estratégias, você não apenas reposicionará sua empresa para crescer em um mercado dinâmico, mas também fortalecerá a base cultural e operacional necessária para sustentar o sucesso a longo prazo

Michelle-Uema

CONSELHEIR@

Michelle Uema

Especialista em Transformação Organizacional, Estratégia de Crescimento e Experiência do Cliente

Executiva com mais de 17 anos de experiência liderando transformações organizacionais de alto impacto em multinacionais e startups. Reconhecida por sua atuação estratégica na América Latina e sua experiência internacional no México, onde liderou a área de Customer Experience da SpotOn, conduzindo uma transformação que posicionou a empresa entre as melhores operações de suporte dos Estados Unidos, recebendo o prêmio “The Best Support Operations”.

Com passagens por Sanofi, DSM, Uber, Mondelez, Philips e Whirlpool, Michelle é especialista em Go-to-Market, reestruturação e aceleração de negócios em contextos desafiadores, como M&As, turnarounds e spin-offs. Seu diferencial está na capacidade de conectar estratégia, operação e cultura organizacional para gerar crescimento sustentável e diferenciação competitiva.

Atualmente, atua como mentora e conselheira de executivos e empresas no Brasil e América Latina, compartilhando insights estratégicos sobre experiência do cliente, transformação digital e excelência operacional. Seus artigos e publicações desafiam o status quo e oferecem um olhar pragmático sobre o futuro dos negócios, tornando-se leitura essencial para líderes que querem sair da teoria e transformar suas organizações.

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