Como a IA está mudando o setor de energia?

janeiro, 2025‎ ‎ ‎ |

‎Por Victor Armbrust

A inteligência artificial vem transformando indústrias em todo o mundo, e o setor de energia é um dos mais impactados por essa revolução tecnológica. Em um cenário de crescente demanda por fontes sustentáveis e de redução de emissões de carbono, empresas de energia buscam soluções inovadoras para otimizar a produção, distribuição e consumo de energia. A IA, com sua capacidade de processar grandes volumes de dados e gerar insights precisos, apresenta-se como uma ferramenta poderosa para enfrentar esses desafios e maximizar a eficiência do setor.



Benefícios da inteligência artificial no setor de energia

A inteligência artificial traz uma série de vantagens para o setor de energia, como a melhoria da eficiência operacional, a redução de custos e o apoio à transição para fontes renováveis. Em primeiro lugar, a IA permite que empresas de energia analisem grandes volumes de dados em tempo real, facilitando o monitoramento e a manutenção de infraestruturas críticas, como redes de distribuição e usinas de geração. Com o uso de algoritmos de machine learning, é possível identificar padrões que ajudam a prever falhas ou interrupções, permitindo que as empresas ajam de forma proativa. De acordo com o relatório da McKinsey, a manutenção preditiva pode reduzir o tempo de inatividade não planejado em até 50% em alguns casos, e os custos de manutenção em cerca de 10% a 20% em operações complexas, como plataformas de petróleo e instalações de geração de energia. Essas reduções são especialmente importantes para indústrias intensivas em ativos, onde falhas imprevistas podem gerar grandes prejuízos.

A IA também desempenha um papel fundamental na integração de fontes renováveis, como solar e eólica, que são intermitentes por natureza. Com base em dados meteorológicos, sistemas de IA podem prever a geração de energia renovável e ajustar a distribuição para manter o equilíbrio da rede, especialmente em momentos de pico ou baixa produção, garantindo que a oferta de energia acompanhe a demanda. Isso permite que as empresas maximizem o uso de energias renováveis, reduzindo a dependência de fontes fósseis e contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa. O Departamento de Energia dos EUA (DOE) relata que a IA pode melhorar a previsão e gestão de fontes renováveis, otimizando a operação e resiliência da rede elétrica. A IA ajuda a prever a produção e a demanda, facilitando a integração dessas fontes no sistema

Para os consumidores, a IA possibilita um consumo mais inteligente. Com o uso de contadores inteligentes (smart meters) e sistemas que analisam padrões de uso de energia, é possível recomendar mudanças de comportamento que reduzem o consumo em horários de pico, o que diminui custos para consumidores e empresas. Essa gestão inteligente da demanda alivia a pressão sobre as infraestruturas em momentos críticos, reduzindo o risco de sobrecargas e apagões. A International Energy Agency (IEA) estima que tecnologias de IA na gestão de consumo podem diminuir o pico de demanda em até 10%, resultando em economia para todos os envolvidos.

Além disso, a IA pode ser utilizada para detectar e prevenir ameaças cibernéticas, que representam um risco crescente para o setor de energia. Com infraestruturas cada vez mais digitalizadas e conectadas, os ataques cibernéticos podem ter consequências graves, como a interrupção de serviços essenciais e danos econômicos. Sistemas de IA são capazes de monitorar atividades suspeitas, identificar padrões de ataques e responder de maneira rápida e eficiente a possíveis ameaças, aumentando a segurança operacional do setor de energia.



Desafios no uso de inteligência artificial no setor de energia

Apesar dos benefícios evidentes, a implementação da inteligência artificial no setor de energia enfrenta desafios significativos. Esses obstáculos precisam ser abordados para que a IA possa realmente cumprir seu potencial transformador.



Complexidade e qualidade dos dados

Para que os algoritmos de IA possam fornecer insights precisos, eles precisam de dados de alta qualidade e em grande quantidade. No entanto, o setor de energia lida com uma enorme diversidade de fontes e tipos de dados, que podem ser fragmentados e heterogêneos. Dados vindos de sensores, contadores inteligentes, previsões meteorológicas, entre outros, precisam ser integrados e processados de forma eficaz.

A falta de padronização nos dados é um problema comum, pois cada empresa ou região pode coletar dados de formas diferentes. Isso dificulta a criação de modelos de IA generalizáveis e limita a precisão das previsões. Estudos de grandes consultorias, como a Deloitte, indicam que a adoção de tecnologias de digitalização e gestão de dados pode aumentar a eficiência operacional em até 30% para empresas do setor de energia, permitindo reduzir falhas e otimizar processos. Esse diferencial é essencial para garantir resiliência e melhorar o desempenho frente a desafios como a crescente demanda por sustentabilidade e energia limpa.



Custo de implementação

A adoção de IA exige investimentos substanciais em infraestrutura e capacitação. Para integrar tecnologias de IA, as empresas de energia precisam de plataformas de computação em nuvem, sensores avançados, software de análise de dados e mão de obra qualificada, tudo isso representando custos significativos.

Além disso, muitas vezes há um conflito entre o custo inicial elevado e os benefícios de longo prazo da IA, que podem não ser imediatamente visíveis. A implementação de IA requer uma mudança de mentalidade organizacional para que as empresas vejam isso como um investimento estratégico, e não como uma simples despesa.



Segurança e privacidade de dados

Com o uso crescente de IA, o setor de energia também enfrenta questões críticas de segurança e privacidade. Dados sensíveis sobre padrões de consumo de energia, localização de infraestruturas e detalhes técnicos precisam ser protegidos para evitar que caiam nas mãos erradas.

Além disso, a regulamentação para proteção de dados, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e o GDPR na Europa, impõe restrições sobre como os dados podem ser coletados, armazenados e usados, criando desafios adicionais para a implementação da IA. Para que as empresas de energia adotem a IA de forma segura e em conformidade com a legislação, elas precisam investir em políticas robustas de governança de dados e em medidas de cibersegurança.



Escassez de talento

Outro desafio importante é a escassez de profissionais qualificados em IA e ciência de dados, que dificulta a implementação e a manutenção de soluções baseadas em IA. Profissionais com experiência em machine learning, big data e análise de dados são altamente demandados e nem sempre estão disponíveis em número suficiente para atender às necessidades do setor de energia.

Um relatório da UST afirma que 76% das grandes empresas enfrentam uma “grave escassez” de pessoal qualificado em IA, o que limita a adoção de tecnologias avançadas.​

A inteligência artificial tem o potencial de transformar o setor de energia, tornando-o mais eficiente, sustentável e seguro. Através da otimização de operações, integração de fontes renováveis, gestão inteligente da demanda e segurança cibernética, a IA pode trazer benefícios significativos tanto para as empresas quanto para os consumidores. No entanto, a implementação da IA enfrenta desafios como a complexidade dos dados, o custo elevado, a segurança e privacidade dos dados, e a escassez de talentos qualificados.

Para líderes de tecnologia e empresários, é crucial entender esses desafios e investir em estratégias de longo prazo que permitam superar esses obstáculos. Somente assim será possível colher os benefícios da IA e impulsionar uma verdadeira transformação no setor de energia.

Victor-Armbrust

CONSELHEIR@

Victor Armbrust

Mais de 22 anos de experiência no mercado de tecnologia com passagens em áreas de atendimento ao cliente, consultoria, pré-vendas, vendas e desenvolvimento de negócios.  Graduado em Ciências da Computação com pós graduação em Vendas e Sucesso do cliente. Formação no MIT em liderança estratégia executiva e mudanças organizacionais. Professor no MBA de Arquitetura de Soluções na FIAP.

Com foco em transformar tecnologia como meio de acelerar negócios sua carreira têm sido focada em soluções que agregam valor para clientes de diferentes indústrias. Atuou em projetos de transformação Digital em mais de 150 clientes em toda América Latina.

Atualmente Executivo de Tecnologia e Arquitetura de Soluções Cloud na Oracle do Brasil, atua em projetos de Inteligência Artificial, Microserviços e infraestrutura tradicional.

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