Como a liderança se adapta à nova geração no trabalho?

janeiro, 2025‎ ‎ ‎ |

‎Por Patrícia Gavazza

O mercado de trabalho está em constante transformação, e a entrada da nova geração trouxe desafios e aprendizados que estão obrigando a liderança a se reinventar. Como uma engenheira civil formada em uma universidade de primeira linha e hoje Executiva no Mercado Financeiro, vivi os dois extremos: o ambiente rígido e exaustivo do passado e, agora, a necessidade de adaptação a uma geração que valoriza propósito, inclusão e experiências acima de bens materiais. Nesse contexto, liderar pelo exemplo e criar um ambiente verdadeiramente inclusivo tornou-se uma prioridade não apenas ética, mas estratégica.



A nova geração e suas prioridades

Meu filho de 21 anos tem me ensinado lições valiosas sobre sua geração. Diferente da minha, que muitas vezes sacrificou a vida pessoal em nome de uma carreira sólida e bens materiais, ele e seus pares priorizam realização pessoal, experiências e o desejo de conhecer novas culturas. Eles não buscam apenas um emprego; querem um propósito, algo que os inspire e faça sentido para suas vidas.

Essa visão reflete uma ruptura com a geração que abriu caminho para eles, principalmente as mulheres, que, como eu, precisaram se desdobrar para construir uma carreira em um mundo onde o trabalho era sinônimo de renúncia. É uma inversão de valores que desafia o modelo tradicional de liderança e obriga empresas a pensarem em novos formatos de retenção e motivação.



Inclusão e diversidade: Um caminho ainda em construção

Apesar dos avanços, há uma realidade preocupante quando falamos de inclusão. Na área de tecnologia, por exemplo, a representatividade feminina vem diminuindo. Algo que, para mim, era visto como um problema da minha geração, infelizmente, continua em evidência. Ainda somos minoria em um setor estratégico e de grande impacto na sociedade. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2022, as mulheres representavam apenas 15% dos concluintes em cursos de Tecnologia da Informação, uma queda em relação aos 17,5% registrados em 2012. 

Além disso, quando falamos de diversidade LGBT+, o problema é outro: falta de visibilidade. Apesar de serem talentos qualificados, muitos ainda têm receio de se assumir, temendo perder oportunidades. Recentemente, em um processo seletivo para a área de tecnologia, buscamos candidatos LGBT+ e não encontramos. Isso não significa que não existam, mas que o ambiente corporativo ainda não é percebido como seguro para que essas pessoas sejam elas mesmas.



Liderança pelo exemplo: O que aprendi no caminho

Como líder, acredito firmemente que o exemplo é a forma mais poderosa de inspirar mudanças. Não basta implementar políticas de inclusão; é preciso viver esses valores diariamente. Compartilho algumas práticas que têm funcionado na minha jornada como CTO:

Escuta ativa e empatia: Compreender as aspirações e os desafios da nova geração exige mais diálogo e menos imposição.


Criação de ambientes seguros: Para que a diversidade floresça, precisamos construir ambientes onde todos, incluindo mulheres e pessoas LGBT+, se sintam respeitados e valorizados.


Flexibilidade e propósito: O trabalho deixou de ser apenas uma troca monetária; ele precisa oferecer significado e equilíbrio.

Desafios e oportunidades

A adaptação a essa nova realidade não é fácil. Conciliar as demandas de inclusão, inovação e resultados exige um equilíbrio delicado. No entanto, também é uma oportunidade única de transformarmos o mercado de trabalho em algo mais humano e sustentável.

Empresas que acolhem a diversidade não apenas cumprem um papel social, mas também colhem benefícios financeiros e de inovação. Quando pessoas de diferentes origens e vivências se sentem à vontade para contribuir, os resultados costumam ser surpreendentes.

Logo, liderar em um mercado de trabalho em transformação exige coragem, empatia e exemplo. É preciso valorizar a nova geração sem perder a essência do que nos trouxe até aqui. Como mulher em tecnologia, continuo lutando para abrir espaço para outras mulheres e para todas as vozes que, por tanto tempo, ficaram à margem.

A liderança do futuro não é apenas sobre gerenciar pessoas; é sobre inspirar, incluir e transformar. O desafio está posto. Agora, cabe a cada um de nós construir um legado que faça sentido para as gerações que virão.

Reflexão final

Será que estamos, de fato, preparados para liderar pelo exemplo e oferecer o ambiente inclusivo que a nova geração exige? Que mudanças estamos dispostos a fazer para garantir um futuro mais igualitário e próspero?

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CONSELHEIR@

Patrícia Gavazza

Mãe do João Pedro, com mais de 20 anos de experiência no Mercado Financeiro, sou uma profissional versátil e altamente qualificada, graduada em Engenharia Civil pela UFScar e com pós-graduação no renomado Programa Avançado em Finanças (Certificado em Gestão Financeira – CFM) pelo Insper.

Meu amplo conhecimento abrange áreas essenciais do setor financeiro, incluindo câmbio brasileiro, renda fixa, transações de derivativos e ações, bem como expertise em controles de garantias e convênios, KYC, AML, Carteira Digital, SPB, Pix e Open Finance, além de habilidades sólidas em formalização de contratos.

Ao longo da minha trajetória, acumulei experiência significativa em produtos financeiros, TI,  Tesouraria, inovações e parcerias nacionais e internacionais para se manter à frente da concorrência.

Já liderei equipes multidisciplinares nas áreas de Produto, TI, Operações, Segurança de Informação e BI, conduzindo a transformação de uma Fintech em uma Sociedade de Crédito Direto Regulada.

Participei de Comitês executivos de definição de estratégia de posicionamento de curto, médio e longo prazo.

Passando por Instituições de vários tamanhos, como Itaú-Unibanco, ItauBBA, Bank of Tokyo, Banco Original, BTG Pactual, Merril Linch, Travelex Bank, BPP e Somapay Digital Bank.

Em 2020, fundei minha própria empresa de facilitação de pagamentos internacionais, a PatVGO e continuo desenvolvendo novos negócios e estratégias.

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