Como empreendedores podem transformar crises em oportunidades?

fevereiro, 2025‎ ‎ ‎ |

‎Por Edilene Loiola

O mundo dos negócios é repleto de incertezas, e liderar uma empresa em tempos de crise pode ser desafiador. Em um cenário onde mudanças são constantes e crises econômicas e sociais impactam diretamente os resultados, a capacidade de adaptação e inovação torna-se um diferencial competitivo crucial. Em crises passadas, empresas que mantiveram o foco em inovação superaram concorrentes, com um desempenho médio 30% superior após o período de recuperação. Essa pesquisa da McKinsey sugere que empresas focadas em inovação têm mais chance de sucesso a longo prazo, especialmente quando aplicam práticas recomendadas, como as “Oito Essenciais da Inovação” para adaptar rapidamente operações e capturar novas oportunidades de crescimento. Nesse contexto, histórias de empreendedores que transformaram adversidades em oportunidades podem oferecer lições valiosas.

Resiliência é a capacidade de resistir, adaptar-se e crescer diante das dificuldades. No contexto empreendedor, essa característica é essencial para enfrentar tanto crises externas (como pandemias ou recessões) quanto internas (como falta de capital ou problemas de gestão). A história de nossa empreendedora, que chamaremos de Maria, exemplifica essa qualidade.

A primeira grande crise

Maria começou seu negócio com poucos recursos, vendendo produtos artesanais online. Inicialmente, teve sucesso, e seu e-commerce cresceu rapidamente. No entanto, um problema logístico sério com um fornecedor quase a levou à falência. Em um curto período, Maria viu sua reputação ameaçada e enfrentou grandes perdas financeiras. Muitos teriam desistido, mas ela enxergou na situação uma oportunidade de aprender e evoluir.

Lição 1: Crie soluções baseadas nos feedbacks dos clientes.
Maria decidiu investigar a fundo as reclamações de seus clientes, procurando entender o que poderia melhorar. Ela percebeu que muitos problemas de sua operação derivaram de uma dependência excessiva de fornecedores externos e da falta de um sistema estruturado de comunicação com os clientes. Aprender com essas falhas iniciais foi o primeiro passo para construir uma operação mais robusta.

A pandemia e o impacto no negócio

Quando a pandemia de COVID-19 surgiu, muitas pequenas empresas como a de Maria foram severamente impactadas. Com restrições nas operações e quedas drásticas nas vendas, ela se viu novamente à beira do colapso. Mas, ao invés de recuar, Maria decidiu pivotar seu modelo de negócios.

Lição 2: Encontre novas formas de gerar valor.
Durante a pandemia, Maria investiu em uma nova linha de produtos voltada para o bem-estar em casa, adaptando sua operação para atender às novas demandas do mercado. Essa rápida adaptação não apenas salvou seu negócio, mas também abriu novas oportunidades de crescimento.

Inovação não é apenas criar algo novo; é também melhorar o que já existe. Para empreendedores, inovar é essencial para se destacar em um mercado competitivo. Maria, em sua jornada, usou a inovação como um instrumento para transformar dificuldades em vantagens.

Após seus problemas logísticos iniciais, Maria começou a explorar ferramentas de automação e softwares de gerenciamento de estoque. Com o crescimento da operação, ela percebeu que o uso de tecnologia era essencial para garantir eficiência e reduzir erros. Conforme observado em um estudo da Deloitte sobre resiliência organizacional, empresas com estratégias de resiliência e inovação registraram 30% menos impacto financeiro em momentos de crise, demonstrando o valor da tecnologia para aprimorar processos e garantir a eficiência em momentos desafiadores.

Lição 3: Invista em tecnologia para otimizar processos.
Maria adotou sistemas de gestão integrada, que permitiram não apenas controlar melhor o estoque, mas também aprimorar o atendimento ao cliente. Com a automação de tarefas repetitivas, sua equipe pôde focar em atividades mais estratégicas, como o desenvolvimento de novos produtos e ações de marketing.

Além de investir em tecnologia, Maria percebeu que não poderia alcançar todos os objetivos sozinha. Ela então passou a buscar parcerias estratégicas com empresas que compartilhassem sua visão e valores.

Lição 4: Utilize o poder das parcerias para ampliar sua rede.
Ao criar alianças com outros empreendedores, Maria não só expandiu sua base de clientes, mas também pôde compartilhar conhecimentos e recursos. Essas parcerias abriram novas portas e trouxeram uma base sólida de apoio para enfrentar futuras adversidades.

Após superar inúmeras dificuldades, Maria percebeu que a resiliência e a inovação não poderiam ser características exclusivas da liderança. Para garantir a sustentabilidade do seu negócio, era necessário incorporar esses valores na cultura organizacional.

Com o aprendizado adquirido através de crises, Maria estabeleceu um programa interno de capacitação para sua equipe. Esse programa incluía treinamentos em áreas como tecnologia, atendimento ao cliente e gestão de crises.

Lição 5: Capacite sua equipe para enfrentar desafios.
Ao investir no desenvolvimento de habilidades de seus colaboradores, Maria garantiu que sua empresa estivesse melhor preparada para o futuro. A cultura de aprendizado contínuo incentivou a equipe a buscar soluções inovadoras e a se adaptar rapidamente em momentos de dificuldade.

Autonomia para inovar

Maria também percebeu que a inovação não ocorre em um ambiente onde as decisões são centralizadas. Assim, ela incentivou a autonomia em sua equipe, permitindo que os colaboradores propusessem e executassem ideias de melhoria para a operação.

Lição 6: Dê espaço para que a equipe seja protagonista.
Ao confiar em seus colaboradores, Maria criou um ambiente onde a inovação florescia de forma orgânica. Isso não só motivou a equipe, mas também resultou em processos mais eficientes e criativos para o negócio.



Resultados e impacto,transformando adversidades em crescimento

A trajetória de Maria é um exemplo claro de como a resiliência e a inovação podem transformar adversidades em oportunidades. Após implementar as mudanças descritas, sua empresa alcançou novos patamares de sucesso. Além de expandir sua base de clientes, Maria conseguiu diversificar seus produtos e fortalecer sua posição no mercado.

Os empreendedores que utilizam a internet, os aplicativos de mensagens e as redes sociais para fazer negócios já representam 3 em cada 4 pequenas empresas do país. É o que aponta a pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio de 2020, 59% das micro e pequenas empresas haviam digitalizado seu negócio. Empresas que investem em inovações de produto e processo conseguem melhorar sua adaptabilidade. Essa capacidade de inovação permite uma resposta mais eficaz a crises, aumentando as chances de sobrevivência frente a desafios econômicos adversos. Essa estatística ressalta a importância de se adaptar e inovar, mesmo em cenários adversos.

A história de Maria é uma inspiração para empreendedores que enfrentam dificuldades. Através de resiliência e inovação, ela mostrou que é possível transformar crises em oportunidades de crescimento. Esse exemplo reforça a importância de aprender com os erros, adaptar-se rapidamente e investir em tecnologia e parcerias.

Para líderes de tecnologia e empresários, a mensagem é clara: adotar uma mentalidade resiliente e inovadora não é apenas uma vantagem competitiva, mas uma necessidade para garantir a longevidade do negócio. Nos momentos de crise, aqueles que têm capacidade de adaptação e coragem para inovar são os que, no fim, conseguem prosperar.

Edilene-Loiola_1910

CONSELHEIR@

Edilene Loiola

Fundadora e CEO da Soulog Fulfillment e Soulkit.

Conselheira na Rede Líderes Digitais reconhecida como uma especialista  em logística é uma figura de destaque no empreendedorismo feminino. Allumini do Programa 10K Women  da Goldman Sachs, refletindo meu compromisso com a excelência profissional. Sou mãe de três filhos e ativa no ecossistema digital, onde contribuo como palestrante, mentora e consultora.

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