Como evitar fraudes digitais e proteger seus dados?

‎Por Beatriz Gazoli

O crescimento do ambiente digital trouxe inúmeras facilidades, mas também ampliou os riscos associados ao uso indevido de dados pessoais. Fraudadores exploram informações sensíveis para cometer crimes como abertura de contas falsas, solicitação de crédito e acessos indevidos a diversos tipos de serviços. Esse cenário impõe desafios tanto para consumidores quanto para empresas, que precisam reforçar suas estratégias de segurança para proteger informações e evitar prejuízos financeiros e reputacionais.

A coleta e o uso indevido de dados pessoais por fraudadores ocorrem de diversas formas, desde vazamentos massivos em grandes empresas até técnicas mais sofisticadas, como phishing e engenharia social. Com informações como nome completo, CPF, data de nascimento e endereço, criminosos conseguem se passar por terceiros e realizar transações fraudulentas sem que a vítima perceba de imediato.

Fraudes e riscos associados à exposição de dados pessoais

O avanço das tecnologias de digitalização e o crescimento do comércio eletrônico aumentaram a circulação de dados pessoais na internet. Isso facilitou a ação de fraudadores, que utilizam diversas estratégias para obter informações e aplicá-las em crimes cibernéticos, principalmente fraude de identidade.

Uma das práticas mais comuns é o phishing, no qual criminosos enviam mensagens falsas se passando por bancos, operadoras de telefonia ou plataformas de e-commerce para induzir a vítima a fornecer seus dados. Além disso, vazamentos de grandes bases de dados, muitas vezes decorrentes de ataques cibernéticos, também contribuem para o aumento das fraudes. Em 2021, um vazamento expôs dados de mais de 220 milhões de brasileiros, incluindo CPF, telefone e até informações de renda, o que ampliou o risco de crimes de identidade.

Com essas informações em mãos, os fraudadores realizam abertura de contas bancárias, solicitação de crédito e até compras em nome da vítima. Muitas vezes, essas fraudes só são descobertas quando a pessoa recebe uma cobrança indevida ou percebe uma movimentação estranha em seu CPF. O impacto pode ser grave, afetando o histórico financeiro e a credibilidade da vítima no mercado.

Responsabilidade de empresas na proteção de dados pessoais

A segurança da informação não é apenas uma preocupação individual. Empresas que lidam com dados pessoais, principalmente dados sensíveis, possuem um papel fundamental na proteção dessas informações e devem implementar medidas rigorosas para evitar acessos indevidos. Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), organizações passaram a ter responsabilidade legal na proteção e no tratamento correto dos dados de clientes e usuários.

Instituições financeiras, varejistas e plataformas digitais devem garantir que seus sistemas sejam seguros contra ataques e vazamentos. O descuido na proteção de dados pode resultar em penalidades severas, incluindo multas que podem chegar a 2% do faturamento da empresa, limitadas a R$ 50 milhões por infração,  suspensão do uso de banco de dados, além de danos à reputação e perda de credibilidade no mercado.

Além da segurança cibernética, a transparência com o consumidor é essencial. Empresas precisam informar claramente como os dados são coletados, armazenados e utilizados, garantindo que os clientes tenham controle sobre suas próprias informações. Medidas como autenticação reforçada e monitoramento de acessos podem reduzir significativamente os riscos de fraude e vazamento.

Estratégias eficazes para mitigar riscos e evitar fraudes

A adoção de tecnologias avançadas tem sido uma das principais estratégias para prevenir o uso indevido de dados pessoais. Empresas estão investindo cada vez mais em mecanismos de autenticação robustos para dificultar a ação de fraudadores e garantir a segurança dos usuários.

Uma das abordagens mais eficientes é o uso de reconhecimento facial e biometria, tecnologias que verificam a identidade do usuário com base em características físicas únicas, tornando mais difícil a falsificação de identidades. Bancos e fintechs já utilizam amplamente essa tecnologia para autenticar transações e evitar acessos não autorizados.

Outra estratégia fundamental é a validação de CPF e outros dados pessoais por meio de cruzamento de informações com bases confiáveis. Esse processo permite identificar possíveis inconsistências e evitar que fraudadores utilizem dados roubados para criar cadastros falsos.

O uso de autenticação multifator também se tornou uma exigência para aumentar a segurança em plataformas digitais. Com essa medida, mesmo que um criminoso obtenha a senha de um usuário, ele ainda precisará de um segundo fator de autenticação, como um código enviado para o celular ou e-mail da vítima, dificultando tentativas de acesso não autorizado.

A conscientização do consumidor também desempenha um papel essencial na prevenção de fraudes. Educar os usuários sobre boas práticas, como não compartilhar informações sensíveis, evitar clicar em links suspeitos e utilizar senhas seguras, contribui para reduzir as chances de exposição a golpes.

Diante desse cenário, fica evidente que a proteção de dados pessoais deve ser uma prioridade tanto para empresas quanto para consumidores. Se, por um lado, os avanços tecnológicos facilitam a vida dos usuários e otimizam processos, por outro, também ampliam a complexidade das ameaças cibernéticas. Por isso, investir continuamente em segurança digital não é apenas uma necessidade operacional, mas uma estratégia indispensável para evitar prejuízos financeiros e manter a confiança do mercado.

Além disso, a responsabilidade pela segurança da informação precisa ser compartilhada. Empresas devem adotar políticas rígidas de proteção e conformidade com a LGPD, enquanto consumidores precisam estar atentos aos riscos e tomar precauções para evitar fraudes. A combinação dessas ações pode minimizar significativamente os danos causados pelo uso indevido de dados pessoais.

O combate às fraudes digitais é um desafio contínuo e dinâmico. À medida que novas ameaças surgem, as estratégias de proteção também devem evoluir. Somente com um compromisso firme com a segurança da informação será possível construir um ambiente digital mais confiável e protegido para todos.

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CONSELHEIR@

Beatriz Gazoli

Advogada Especialista em Direito Digital e Proteção de Dados, atuando nos maiores escritórios do setor e atualmente lidera a área de proteção de dados pessoais na TotalPass.

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