Como a autenticação sem senhas pode melhorar a segurança?

‎Por Fabio Szescsik

No mundo hiperconectado de hoje, proteger dados e acessos não é apenas uma prioridade, mas uma necessidade urgente para empresas e indivíduos. O modelo tradicional baseado em senhas enfrenta desafios crescentes, com ataques como phishing, vazamento de credenciais e engenharia social se tornando cada vez mais sofisticados. De acordo com um relatório da Verizon, 81% das violações de dados envolvem senhas comprometidas ou fracas, ilustrando a fragilidade desse método de autenticação.

Diante desse cenário, a identidade digital está passando por uma transformação significativa. Tecnologias como autenticação biométrica, tokens de hardware e autenticação multifatorial (MFA) estão abrindo caminho para um futuro sem senhas, mais seguro e conveniente. 



A identidade digital no centro das mudanças tecnológicas

A identidade digital é o alicerce da interação online. Seja para acessar um serviço bancário, uma rede corporativa ou uma plataforma de mídia social, a autenticação é o primeiro passo para verificar quem você é. No entanto, o sistema tradicional de senhas, criado em um momento em que a ameaça cibernética era significativamente menor, se tornou obsoleto diante das ameaças modernas.



Por que as senhas falharam?

Facilidade de comprometimento: Senhas fracas ou reutilizadas são um alvo fácil para ataques. Segundo uma pesquisa da NordPass, as senhas mais comuns ainda incluem combinações simples como “123456” e “password”.

Ataques sofisticados: Métodos como phishing e ataques de força bruta podem comprometer até mesmo senhas robustas.

Experiência do usuário: Gerenciar diversas senhas é frustrante para os usuários, levando muitos a adotar práticas inseguras, como anotar senhas ou usar a mesma combinação em vários serviços.

Com essas vulnerabilidades evidentes, a autenticação sem senhas surge como uma alternativa mais segura e prática, ajudando a redefinir a identidade digital.



Autenticação sem senhas: tecnologias e benefícios

A autenticação sem senhas (passwordless authentication) utiliza métodos inovadores que eliminam a necessidade de memorizar ou armazenar senhas. Vamos explorar as principais tecnologias que estão moldando esse novo paradigma.



Autenticação biométrica

A biometria utiliza características únicas dos usuários, como impressões digitais, reconhecimento facial ou de íris, para autenticação. Já amplamente utilizada em smartphones e dispositivos pessoais, essa tecnologia oferece conveniência e segurança.

  • Benefícios: Difícil de falsificar ou compartilhar; experiência fluida para o usuário.
  • Desafios: Questões de privacidade e o risco de comprometimento de dados biométricos, que são irreversíveis em caso de vazamento.



Tokens de hardware

Os tokens físicos, como dispositivos USB ou chaves de segurança compatíveis com FIDO (Fast Identity Online), oferecem uma camada adicional de proteção. Esses dispositivos geram códigos únicos ou usam criptografia para validar a identidade do usuário.

  • Benefícios: Alta segurança; independência de credenciais armazenadas online.
  • Desafios: Custos iniciais e a necessidade de gerenciar dispositivos físicos.



Autenticação multifatorial avançada (MFA)

A MFA combina diferentes fatores de autenticação, como algo que o usuário sabe (PIN), algo que possui (token) e algo que é (biometria). Essa abordagem torna extremamente difícil que um atacante comprometa todas as camadas.

  • Benefícios: Mitigação de ataques mesmo quando um fator é comprometido.
  • Desafios: Exige implementação cuidadosa para não prejudicar a experiência do usuário.



Autenticação baseada em dispositivos e software

Algumas soluções eliminam a necessidade de senhas ao associar o acesso diretamente ao dispositivo do usuário, como smartphones ou aplicativos de autenticação. Exemplos incluem sistemas baseados em WebAuthn, um padrão que permite login usando biometria ou tokens armazenados localmente no dispositivo.

  • Benefícios: Integração com dispositivos que os usuários já possuem.
  • Desafios: Dependência de dispositivos confiáveis e possíveis problemas de compatibilidade.



Implicações para privacidade e experiência do usuário

Embora as tecnologias de autenticação sem senhas apresentem inúmeras vantagens, sua adoção em larga escala traz à tona questões cruciais relacionadas à privacidade, usabilidade e acessibilidade, que precisam ser cuidadosamente abordadas.

Um dos pontos mais sensíveis é a privacidade e a segurança de dados. A coleta e o armazenamento de dados biométricos e informações pessoais exigem altos padrões de proteção. Segundo um estudo do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, 74% dos brasileiros expressam preocupação com o uso indevido de suas informações pessoais. Isso ressalta a importância de práticas transparentes e do cumprimento rigoroso de regulamentações como a LGPD, para garantir a confiança dos usuários.

A experiência do usuário também desempenha um papel fundamental na adoção dessas tecnologias. Embora métodos sem senhas sejam mais seguros, sua aceitação depende diretamente da conveniência que oferecem. Soluções que exigem dispositivos adicionais ou etapas complexas podem encontrar resistência por parte dos usuários. Para superar esse desafio, é essencial projetar fluxos de autenticação que sejam ao mesmo tempo intuitivos e ágeis, conciliando segurança e facilidade de uso.

Outro aspecto crucial é a inclusão digital. Nem todos os usuários possuem acesso a dispositivos modernos ou têm familiaridade com ferramentas tecnológicas avançadas. Essa realidade exige que as empresas considerem a diversidade de sua base de clientes, criando alternativas que garantam acessibilidade para todos, independentemente de suas condições tecnológicas ou habilidades.

Para que a transição para autenticação sem senhas seja bem-sucedida, é necessário equilibrar inovação com responsabilidade, garantindo segurança robusta, experiências agradáveis e inclusão ampla. Somente assim será possível colher os benefícios dessa tecnologia sem comprometer a confiança e a participação dos usuários.



Estratégias para implementação em larga escala

Para empresas e líderes de tecnologia, a implementação de autenticação sem senhas requer uma abordagem cuidadosa, que considere tanto os aspectos técnicos quanto os organizacionais. Aqui estão algumas estratégias-chave:



Adotar padrões de mercado

Seguir padrões como FIDO2 e WebAuthn ajuda a garantir compatibilidade e segurança. Esses protocolos foram projetados para oferecer autenticação robusta e interoperável entre diferentes plataformas.



Investir em educação e comunicação

Os usuários precisam entender os benefícios das novas tecnologias e como usá-las de forma eficaz. Campanhas de conscientização e treinamentos podem reduzir barreiras à adoção.



Garantir conformidade regulamentar

A conformidade com leis como a LGPD e o GDPR é essencial para proteger os dados dos usuários e evitar penalidades legais. Isso inclui implementar medidas para minimizar o risco de vazamentos e oferecer controles de privacidade claros.



Testar e iterar


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Antes de uma implementação completa, é importante realizar testes piloto para identificar possíveis problemas e ajustar as soluções conforme necessário. Isso reduz os riscos e garante uma adoção mais suave.



Parcerias estratégicas

Trabalhar com fornecedores experientes de soluções de autenticação pode acelerar a implementação e trazer expertise adicional para lidar com desafios técnicos.

Portanto, a evolução da identidade digital e o avanço da autenticação sem senhas representam um marco na segurança cibernética e na experiência do usuário. Ao eliminar as limitações das senhas tradicionais, essas tecnologias prometem oferecer acessos mais seguros, convenientes e eficientes. No entanto, sua adoção exige atenção a desafios como privacidade, acessibilidade e educação do usuário.

Para líderes de tecnologia e empresários, o momento é agora: explorar e investir em soluções inovadoras de autenticação é crucial para garantir a segurança dos sistemas e a confiança dos usuários em um mundo cada vez mais digital.

Fabio-Szescsik

CONSELHEIR@

Fabio Szescsik

Sou um profissional polivalente, apaixonado por tecnologia e pessoas e que acredita que a segurança digital, produtos e negócios podem caminhar juntos para viabilizar uma solução diferenciada aos clientes internos e externos. Possuo mais de 25 anos de experiência nas áreas de tecnologia e segurança, tendo atuado em diversas empresas de diferentes segmentos de negócio, inclusive em consultorias como EY, PwC e KPMG, alcançando cargo de sócio na última citada. Atualmente sou responsável por segurança, privacidade e operações para o Open Finance Brasil

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