Como integrar ESG na cadeia de valor da sua empresa?

‎Por Alexandre Lima

A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) tem se tornado cada vez mais essencial para empresas que desejam prosperar em um mercado competitivo e com consumidores mais conscientes. Inicialmente impulsionado por pressões regulatórias e de investidores, o conceito ESG agora é visto como um diferencial estratégico, capaz de agregar valor à marca, atrair talentos e melhorar a performance financeira.

Para líderes de tecnologia e empresários, entender como integrar os princípios ESG em suas cadeias de valor vai muito além de “fazer o bem” – é uma questão de garantir a longevidade e a resiliência dos negócios. Uma cadeia de valor sustentável, que leve em consideração os impactos ambientais, sociais e de governança, não apenas atende às expectativas dos stakeholders, mas também gera oportunidades de inovação e otimização de processos, além de reduzir riscos operacionais e financeiros..



O que é ESG e sua importância na cadeia de valor

ESG representa três pilares fundamentais:

Ambiental (E) – Refere-se às práticas empresariais que reduzem o impacto ambiental, como gestão de resíduos, eficiência energética e redução de emissões de carbono.

Social (S) – Envolve aspectos relacionados ao bem-estar dos colaboradores, relações com a comunidade, e práticas de trabalho éticas e inclusivas.

Governança (G) – Diz respeito à transparência, ética corporativa, estrutura de governança, e práticas de compliance.

Esses três pilares tornam-se essenciais na cadeia de valor, que inclui desde a produção de insumos até o atendimento ao consumidor final. Com uma cadeia de valor sustentável e alinhada com ESG, empresas conseguem mitigar riscos, melhorar a transparência e construir relacionamentos de longo prazo com seus parceiros e clientes.

A McKinsey destaca que uma sólida proposta de ESG está relacionada a retornos maiores em patrimônio e a uma redução no risco de perdas, evidenciada por menores spreads de swap de inadimplência de crédito e melhores classificações de crédito. Além disso, outra pesquisa da McKinsey revelou que 83% dos altos executivos e profissionais de investimento esperam que os programas de ESG contribuam mais para o valor aos acionistas nos próximos cinco anos do que atualmente. 



Integrando o pilar ambiental na cadeia de valor

A sustentabilidade ambiental começa na base da cadeia de valor, com a escolha de insumos e fornecedores. Empresas que adotam práticas de ESG priorizam fornecedores que respeitam o meio ambiente, utilizando materiais recicláveis ou provenientes de fontes renováveis. Isso reduz o impacto ambiental e garante uma cadeia de suprimentos mais limpa e eficiente.

Um exemplo é a Apple, que anunciou em 2020 seu compromisso de neutralizar todas as emissões de carbono até 2030, abrangendo toda a sua cadeia de fornecimento e o ciclo de vida dos produtos e em 2021, a empresa relatou avanços significativos nessa meta, incluindo a adição de 9 gigawatts de energia limpa e o aumento do número de fornecedores comprometidos com o uso de energia renovável. Empresas líderes que adotam essa abordagem podem inspirar e pressionar outros negócios a seguirem o mesmo caminho, criando uma rede de impacto positivo.

Outra estratégia para implementar o ESG ambiental é adotar práticas de eficiência energética em todas as operações. Isso pode envolver o uso de energias renováveis, como solar e eólica, e a modernização de equipamentos para reduzir o consumo de energia. A redução de emissões de carbono e outros poluentes também é um aspecto central, especialmente para empresas de setores industriais, como manufatura e transporte.

A Rock Content destaca que os consumidores modernos (a geração Z) valorizam empresas que adotam práticas sustentáveis e oferecem incentivos à compra consciente. Assim, investir em práticas sustentáveis de gestão de energia e emissões contribui para a imagem da empresa e atende à demanda crescente por responsabilidade ambiental.



Implementando práticas sociais na cadeia de valor

A implementação de práticas sociais na cadeia de valor é um aspecto central do pilar social do ESG, que destaca o compromisso das empresas com a criação de uma cultura de trabalho inclusiva e diversa. Nesse contexto, as organizações que promovem a diversidade de gênero, raça, idade e outras características ao longo de toda a sua cadeia conseguem, por um lado, estabelecer uma conexão mais próxima com seus consumidores e, por outro, fomentar um ambiente de trabalho inovador e respeitoso.

Além disso, adotar práticas justas que abrangem desde fornecedores até distribuidores contribui significativamente para aumentar a transparência e fortalecer a confiança com os stakeholders. A McKinsey conduziu estudos que indicam uma correlação positiva entre diversidade e desempenho financeiro. Em seu relatório “Delivering through Diversity”, a McKinsey constatou que empresas no quartil superior em diversidade de gênero em suas equipes executivas têm 21% mais probabilidade de obter lucratividade acima da média do que aquelas no quartil inferior.

Outro ponto importante para o pilar social do ESG é a preocupação com o bem-estar dos colaboradores e das comunidades locais. Para promover essa responsabilidade social, as empresas precisam assegurar condições de trabalho seguras e saudáveis, além de oferecer salários justos e benefícios adequados. Essa prática deve contemplar tanto os próprios colaboradores quanto os funcionários dos fornecedores e parceiros.

Por fim, empresas que direcionam investimentos para as comunidades onde estão inseridas, seja por meio de projetos sociais ou de investimentos locais, fortalecem sua reputação e constroem uma rede de suporte social em harmonia com os princípios do ESG. Esse compromisso com o capital humano é indispensável para um crescimento sustentável, além de garantir que a empresa seja reconhecida como uma força positiva e transformadora na sociedade.



Governança: ética e transparência em toda a cadeia

O pilar de governança do ESG destaca a relevância de práticas de compliance e gestão de riscos, fundamentais para a integridade e a longevidade das empresas. Nesse sentido, é imprescindível que as organizações implementem políticas de transparência, assegurando que todos os processos ao longo da cadeia de valor estejam em conformidade com leis e regulamentos, tanto locais quanto internacionais.

Uma estrutura de governança robusta capacita a empresa a gerenciar riscos de forma proativa, antecipando problemas e garantindo que suas operações estejam alinhadas com os valores e objetivos organizacionais. Em momentos de crise, como pandemias ou crises econômicas, empresas com uma governança sólida tendem a responder com mais agilidade e eficácia, preservando sua estabilidade e reputação.

Além disso, a transparência emerge como um elemento essencial da governança no contexto ESG. Organizações que comunicam abertamente suas práticas, desafios e progressos em sustentabilidade conseguem estabelecer uma relação de confiança com seus stakeholders, incluindo investidores, clientes e colaboradores.

Para reforçar esse compromisso, a publicação de relatórios de sustentabilidade e a definição de metas claras e mensuráveis de ESG são práticas fundamentais. Esses relatórios não apenas cumprem uma função de prestação de contas, mas também se tornam ferramentas valiosas de marketing, posicionando a marca como uma líder em responsabilidade corporativa e compromisso com a sustentabilidade.



Como implementar ESG na cadeia de valor

  • Avaliação de fornecedores: realize auditorias ESG para reduzir riscos operacionais e de conformidade.
  • Definição de metas e KPIs: estabeleça indicadores para monitoramento contínuo.
  • Educação e treinamento: conscientize colaboradores e parceiros sobre riscos e boas práticas ESG.
  • Inovação e tecnologia: utilize ferramentas para monitoramento ambiental e social.
  • Comunicação e relatórios:

Integrar o ESG na cadeia de valor é uma estratégia essencial para reduzir riscos e garantir um modelo de negócio resiliente. Empresas que adotam essa abordagem conseguem prevenir passivos legais, minimizar vulnerabilidades operacionais e construir uma reputação sólida no mercado. Para líderes empresariais, investir em ESG é um caminho seguro para garantir perenidade e crescimento sustentável.

Alexandre-Lima_1910

CONSELHEIR@

Alexandre Lima

Pai do Martim e marido da Re.

Conselheiro da Rede Líderes, executivo e professor de ESG. 

Atualmente, gerente de ESG no Jeitto e já atuou na implementação de iniciativas de impacto socioambiental em organizações.

No iFood, criou a área de ESG e já esteve em áreas de sustentabilidade em indústrias e no terceiro setor. 

É mentor voluntário da YCL (Youth Climate Leaders) e do INOVA 2030, do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.

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