O que realmente aprendemos quando ensinamos?

‎Por Anny Atti

Lecionar vai muito além de transmitir conhecimento. Lecionar é um exercício contínuo de aprendizado, escuta e reinvenção. A sala de aula, seja física ou virtual, é um dos ambientes mais desafiadores e transformadores que existem, porque exige mais do que saber, exige sensibilidade, adaptação e propósito.

Nenhuma aula se repete. Mesmo quando o conteúdo é o mesmo, os alunos são diferentes, os contextos mudam, e a professora também já não é mais a mesma de ontem. Lecionar é uma atividade viva.

Podemos dizer que uma boa aula não é medida pela quantidade de informações transmitidas, mas pela transformação que provoca nos alunos e, inevitavelmente, também no professor. Ensinar é ter a humildade de reconhecer que a construção do saber é coletiva, e que o papel de quem leciona não é impor respostas, mas abrir caminhos para o pensamento crítico.

Lecionar é mais do que domínio técnico. É empatia, escuta ativa e adaptabilidade. Muitas vezes, um conceito complexo só se torna acessível quando encontra uma metáfora próxima da realidade do aluno. E, para isso, o professor precisa conhecer o mundo de quem está à sua frente, seus repertórios, suas referências e, sobretudo, suas angústias e curiosidades.

Ensinar é um ato de coragem: a coragem de se expor, de errar em público, de não ter todas as respostas e ainda assim estar ali, presente, comprometido com o processo de formação de outros seres humanos.

É criar espaços de reflexão num mundo que valoriza cada vez mais a velocidade e cada vez menos a escuta. É lembrar que formar alguém é tocar, mesmo que de forma invisível, o seu projeto de mundo.

Em tempos de transformações tecnológicas aceleradas, o papel do professor é diariamente colocado em xeque. Muitos se perguntaram se diante da inteligência artificial, das plataformas digitais e do acesso ilimitado à informação, ainda faria sentido o ato de ensinar. Mas a experiência tem mostrado que o conhecimento técnico pode até ser automatizado, mas o encantamento, o senso crítico, a escuta e a discussão são insubstituíveis.

A aula que transforma é aquela em que o aluno se sente visto, ouvido e desafiado. E esse ambiente não se constrói com slides prontos, constrói-se com presença.

Lecionar cansa, sim, mas também alimenta. Porque é nas pequenas conquistas diárias, nos olhares de compreensão, nas perguntas inesperadas e nos “agora entendi”, no fazer pontes entre teoria e prática, entre passado e futuro, entre indivíduo e sociedade. 

A prática de lecionar também nos ensina sobre limites. Não conseguimos alcançar todos os alunos, não conseguimos resolver todos os problemas, e isso pode ser frustrante. Mas é importante lembrar que a educação é uma maratona, não uma corrida de cem metros. Cada passo conta, cada avanço é significativo, mesmo que pequeno. O impacto da docência nem sempre é imediato, mas é, muitas vezes, duradouro.

Muitos dizem que a docência é uma vocação. Outros defendem que é uma escolha. Talvez seja um pouco dos dois. E disposição para se reinventar constantemente.

A cada ciclo letivo, a cada nova turma, o professor recomeça. É um novo pacto de confiança, um novo exercício de mediação entre conhecimento e realidade, entre conteúdo e subjetividade.

Quem leciona sabe: não se sai de uma aula o mesmo de quando se entrou. Porque ao ensinar, também nos deixamos ensinar.

Anny-Atti

CONSELHEIR@

Anny Atti

Executiva especializada em Customer Experience (CX), CRM, Digital e Data Strategy e Transformações, com mais de 15 anos de experiência liderando transformação digital, gestão de clientes, operações de marketing e estratégias de dados.

Minha trajetória combina data-driven marketing, experiência do cliente e inovação, sempre com foco em crescimento de negócios e impacto real na jornada das pessoas com as marcas.

Atualmente, na IBM Consulting, lidero operações de CX, CRM e Digital Strategy, impulsionando crescimento e inovação para grandes marcas. Expansão da equipe de 35 para 110 profissionais, novos negócios com Claro, Oi, Cemig, Chevron, Bradesco Agro, Fleury, OLX, Granado entre outras, além da retenção de talentos de até 90% YoY, por meio de mentoria, capacitação para promoções e reskilling de profissionais de áreas como desenvolvimento e marketing para design e experiência. Nos últimos três anos, o NPS dos clientes manteve-se em 85, consolidando a excelência operacional e estratégica.

Antes da IBM, passei por algumas das principais agências globais como Wunderman, MRM, DM9 e McCANN.

Desde 2015, também atuo como professora e coordenadora de cursos em Marketing, Digital, Dados e Design Thinking em escolas de negócios. Possuo um MBA em Marketing e Branding pela PUCRS, além de certificações em branding, design thinking e gestão de projetos. Fluente em português, inglês e francês.

 

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