O RH do amanhã

‎Por Nara Zarino

Em tempos de falas alarmistas e pessimistas sobre empregabilidade e o futuro do trabalho em decorrência da crescente adesão à Inteligência Artificial, ainda há muito a se desenvolver e oportunidades não faltarão para os profissionais de Recursos Humanos, RH, Capital Humano, People, Pessoas. O nome não importa.

De acordo com o Relatório 2025 do Futuro do Trabalho, desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial, as dez principais habilidades para este ano são: o pensamento analítico; a resiliência, a flexibilidade e a agilidade; a liderança e influência social; o pensamento criativo; a motivação e o autoconhecimento; o letramento tecnológico; a empatia e a escuta ativa; a curiosidade e o lifelong learning; a gestão de talentos e a orientação para atendimento ao cliente.

Isso mesmo. Inteligência Artificial e Big Data aparecem depois de todas essas habilidades, em décimo primeiro lugar. Isso é simbólico e diz muito sobre o lugar em que devemos colocar cada coisa. A tecnologia e a IA são importantes para o presente e para o futuro. Ignorar toda essa transformação e não buscar conhecer e se apropriar de suas facilidades é ingênuo e desonesto com a própria carreira. Mas idolatrar ou se apavorar não deve, nem pode, ser uma escolha.

Quantas vezes eu ouvi que o jornalismo ia acabar porque todo mundo hoje é produtor de conteúdo. Com um celular na mão se tem mais tecnologia que havia em computadores de redações há não muito tempo. Por outro lado, nunca se fez tão necessária a curadoria de informações e a investigação de notícias que impactam a sociedade. Isso sem contar a fundamental desmistificação de supostos fatos em editorias como Fato ou Fake que a própria Rede Globo tem. O jornalismo não morreu. Ele se reinventou.

A área de RH vive debatendo sobre os impactos da IA no dia a dia. Debate ferramentas, debate sistemas. Mas não debate a reinvenção do RH. A área começou lá no passado com o Departamento Pessoal e com as relações sindicais. Evoluiu para ir além de remuneração e benefícios, focando no desenvolvimento e na gestão de desempenho. Hoje falamos de experiência do candidato e experiência do colaborador e debatemos os ganhos da Diversidade, da Equidade e da Inclusão de pessoas.

Adaptabilidade é a palavra de ordem. Para se reinventar e para ter um olhar diferenciado, buscando ir além do óbvio para inovar depende de repertório vasto e profundo. Na atualidade, a maioria das pessoas lê apenas o título, ou a manchete da notícia. É tudo muito rápido e raso. Nenhum conhecimento é apreendido neste cenário. O mesmo se pode dizer do RH que apenas bebe da fonte do próprio RH. 

Entender novas perspectivas da Tecnologia, do CX, de Produto, do Design é estar aberto ao novo, expandir e compreender como o mindset e a lógica por detrás destas atuações pode contribuir para uma nova maneira de relacionamento entre a empresa e os seus colaboradores. Para quem souber ler o mercado e investir em conhecimento, o futuro será promissor.

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CONSELHEIR@

Nara Zarino

Liderou times no RH da Stone, do Zé Delivery/da Ambev, da Loggi e do iFood. É Consultora, Professora, Mentora de Startups e Mentora de Profissionais. Jornalismo pela Universidade Católica de Santos, fez MBA Executivo em Marketing na FGV, Pós-graduação em Gestão Estratégica da Comunicação Organizacional e Relações Públicas na USP e MBA em Gestão de Pessoas na USP.

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