Como a cibersegurança entrega valor ao onboarding de clientes e colaboradores?

‎Por Evandi Silva

A jornada de onboarding, seja de clientes ou colaboradores, é um dos momentos mais críticos de uma organização. Ela estabelece a primeira impressão, define expectativas e pode consolidar ou comprometer a confiança desde o início. É nesse cenário que a cibersegurança deixa de ser um aspecto técnico de bastidores e passa a ser um agente essencial na entrega de valor. Em tempos de transformação digital acelerada, o onboarding seguro é também um diferencial competitivo.

O processo de onboarding moderno envolve uma série de trocas de dados sensíveis: informações pessoais, documentos de identificação, dados bancários, contratos digitais e acessos a sistemas corporativos. Cada um desses elementos é um ponto potencial de vulnerabilidade se a organização não adotar uma abordagem de segurança desde o desenho do processo. Implementar medidas de cibersegurança nesse contexto não apenas evita riscos, mas agrega valor direto à experiência do usuário e ao posicionamento da marca.

Do ponto de vista do cliente, a segurança percebida durante o onboarding influencia diretamente a confiança na empresa. Se um novo cliente identifica práticas frágeis — como ausência de autenticação multifator, comunicação insegura ou solicitações de dados feitas de maneira informal — ele tende a desconfiar do restante da operação. Por outro lado, um processo digital fluido, protegido e transparente transmite profissionalismo e responsabilidade.

Na perspectiva dos colaboradores, especialmente em empresas que operam em regime remoto ou híbrido, o onboarding seguro é fundamental para garantir o provisionamento correto de acessos, a conformidade com políticas internas e a proteção dos ativos digitais. Um processo mal estruturado pode abrir brechas significativas, como contas com permissões excessivas, ausência de segregação de funções e falhas de monitoramento.

Um dos pilares da entrega de valor por meio da cibersegurança está na aplicação do conceito de “Security by Design”. Isso significa que as práticas de segurança não são adicionadas posteriormente, mas integradas desde o início ao fluxo de onboarding. Isso permite prevenir incidentes, garantir compliance regulatório e reduzir retrabalho causado por falhas operacionais ou vazamentos de dados.

A conformidade com legislações como a LGPD, GDPR e outras regulações específicas de setores também se manifesta com clareza no onboarding. É nesse momento que se define como será o tratamento dos dados pessoais, quais consentimentos serão coletados, como será garantida a rastreabilidade do acesso e como as informações serão armazenadas de forma segura. Uma falha nesse início pode gerar penalidades severas e danos reputacionais irreversíveis.

Empresas que investem em soluções de automação segura para o onboarding reduzem erros humanos e padronizam processos críticos. Ferramentas de verificação de identidade com biometria, integração segura com bases externas confiáveis e automação de provisionamento de acessos tornam o processo mais rápido e menos vulnerável. Isso acelera a entrada de talentos ou clientes na operação, reduz atrito e gera confiança mútua.

Além disso, a cibersegurança impacta diretamente indicadores estratégicos. Um onboarding seguro reduz o índice de churn, tanto de clientes que desistem do processo quanto de colaboradores que sentem insegurança ou desorganização inicial. Também contribui para a redução do tempo médio de ativação, o que é fundamental em modelos de negócio SaaS e serviços digitais em geral.

A presença da segurança da informação no onboarding também fortalece a cultura de segurança da empresa. Desde o primeiro contato, clientes e colaboradores percebem que a organização leva a sério a proteção dos dados e dos processos. Isso gera maior adesão a boas práticas de segurança e facilita o engajamento em treinamentos e políticas futuras.

Outro ponto relevante é o ganho de eficiência. Um processo de onboarding estruturado com segurança evita retrabalhos, incidentes de segurança e escalonamentos desnecessários. Isso libera tempo das equipes de TI e RH, que podem se dedicar a ações mais estratégicas, em vez de atuar constantemente em modo reativo para corrigir falhas básicas.

É importante destacar que o valor gerado pela cibersegurança no onboarding vai além da prevenção. Ele se reflete diretamente na experiência e na percepção de valor do usuário. Em um mercado cada vez mais competitivo, a confiança é uma das moedas mais valiosas — e a segurança é o caminho para conquistá-la.

Muitas empresas ainda veem o onboarding como uma etapa operacional. Mas as organizações mais bem-sucedidas entenderam que esse momento é, na verdade, um dos maiores pontos de conversão e fidelização. E, para que essa conversão seja eficaz e duradoura, a segurança precisa estar no centro da experiência.

Com o avanço das ameaças digitais e da engenharia social, especialmente com uso de IA para ataques cada vez mais personalizados, proteger os dados no início da jornada se tornou essencial. O vazamento de dados cadastrais logo após o ingresso do cliente ou colaborador tem impacto devastador na reputação e pode comprometer toda a relação futura.

Startups e empresas digitais têm uma vantagem: conseguem incorporar práticas de cibersegurança desde o início, desenhando jornadas seguras de forma nativa. Mas mesmo empresas tradicionais podem reestruturar seus fluxos de onboarding com foco em segurança, aproveitando tecnologias já consolidadas e adaptando seus processos ao contexto atual.

A colaboração entre áreas também é vital nesse processo. Não se trata apenas de responsabilidade da equipe de segurança da informação. O RH, o time de produto, o jurídico e o marketing devem atuar em conjunto para construir experiências que equilibrem segurança, usabilidade e velocidade.

Por isso, empresas que desejam escalar com sustentabilidade precisam transformar a segurança do onboarding em uma prioridade estratégica. Isso exige investimento em tecnologia, treinamento de pessoas e revisão contínua de processos com foco em melhoria contínua e antecipação de riscos.

A segurança no onboarding também facilita a expansão internacional. Ao garantir compliance com diferentes regulações e apresentar padrões de segurança globais, a empresa se torna mais atrativa para parceiros, investidores e talentos de outros países, além de reduzir riscos legais ao operar em múltiplas jurisdições.

Por fim, vale reforçar que o valor entregue pela cibersegurança ao onboarding não está apenas nos custos evitados com incidentes, mas nos ganhos reais de reputação, eficiência, fidelização e diferenciação no mercado. “Onboardings” seguros são silenciosos, eficientes e impactantes — e isso é tudo o que se espera de uma boa segurança da informação: ser percebida por quem importa, no momento certo.

Evandi-Silva

CONSELHEIR@

Evandi Silva

Com mais de 18 anos de experiência em Cibersegurança e Segurança da informação, iniciei minha jornada na área técnica com implantação de tecnologias de segurança e arquitetura de controles, operação de tecnologias, desenho de políticas e modelos para incorporação do Security by Design/By Default, Modelagem de ameaças, testes de penetração e segurança para Cloud e esteiras de desenvolvimento de softwares.

Como liderança em Cibersegurança tive a oportunidade de desenvolver estruturas desde sua concepção para cenários de baixa maturidade de segurança com entrega e execução do plano diretor de segurança e planejamento estratégico de curto e longo prazo.

Também tive o desafio de lidar com a cibersegurança de ambientes complexos e regulamentados do mercado de telecomunicações, varejo, datacenter e financeiro com a entrega de processos e gerenciamento de resposta a incidentes, CSIRT, modelos de proteção contra malwares e continuidade de negócios.

Hoje estou como o líder de Cibersegurança do Banco Digio e sou responsável por liderar todas as frentes de segurança, desde a camada de acessos, concepção de projetos , resposta a incidentes, operação de segurança, iniciativas Devsecops, privacidade , cloud security e alinhamento do planejamento estratégico com a alta gestão.

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