Como aplicar Zero Trust e criptografia em uma empresa?

‎Por Carlos Danilo Tomaz

A Evolução da Segurança Digital

À medida que as ameaças cibernéticas se tornam mais sofisticadas, as estratégias de segurança precisam evoluir. Nos últimos anos, dois conceitos ganharam grande importância nas empresas: a criptografia e a estratégia Zero Trust. Juntos, eles formam uma camada robusta de defesa contra ataques, ajudando a garantir que as informações sejam protegidas, confidenciais e íntegras, mesmo em um cenário de ameaças contínuas.

Neste artigo, vamos explorar como a criptografia e o Zero Trust se complementam e como as empresas podem usá-los para fortalecer suas defesas digitais.

Criptografia: Protegendo Dados em Descanso e em Trânsito

A criptografia é uma das ferramentas mais antigas e eficazes para proteger informações. Ela garante que, mesmo que um atacante consiga acessar os dados, ele não será capaz de lê-los ou usá-los sem a chave correta para descriptografar.

Existem dois tipos principais de criptografia usados para proteger os dados:

  1. Criptografia Simétrica Usa a mesma chave para criptografar e descriptografar os dados. É mais rápida, mas a segurança depende de manter essa chave em segredo.
  2. Criptografia Assimétrica Usa um par de chaves (pública e privada) para criptografar e descriptografar. A chave pública é compartilhada com qualquer pessoa, enquanto a chave privada é mantida em segredo pelo dono. É amplamente usada em certificados digitais e transações seguras na web, como no SSL/TLS.

Essas técnicas são aplicadas tanto para dados em descanso (armazenados) quanto para dados em trânsito (sendo transferidos por redes). Mas só a criptografia, por si só, não basta para garantir a segurança em um mundo onde ameaças internas e externas podem surgir a qualquer momento. É aí que entra a estratégia Zero Trust.

O Modelo Zero Trust: Não Confie em Ninguém

O conceito de Zero Trust se baseia em uma premissa simples, mas poderosa: não confiar em nada, seja dentro ou fora da rede. Em vez de presumir que os usuários, dispositivos ou sistemas dentro da rede são confiáveis, o Zero Trust exige que cada acesso seja autenticado e que cada atividade seja monitorada.

Princípios básicos do Zero Trust:

  1. Verificação Contínua: Toda requisição de acesso deve ser verificada, independente de onde o usuário ou dispositivo esteja localizado (interno ou externo à rede).
  2. Privilégios Mínimos: Usuários e dispositivos só devem ter acesso ao que realmente precisam. O modelo Zero Trust defende o princípio do least privilege (privilégio mínimo), minimizando o impacto de um possível comprometimento.
  3. Segmentação de Rede: Divida a rede em pequenas zonas isoladas. Isso limita o movimento lateral de um invasor dentro da rede, caso ele consiga comprometer um ponto de entrada.
  4. Autenticação Forte: O uso de autenticação multifator (MFA) e a adoção de padrões mais fortes de autenticação reduzem os riscos de roubo de credenciais.

Criptografia e Zero Trust: Como Eles se Complementam

Embora o Zero Trust se concentre em controle de acesso e verificação constante, a criptografia adiciona uma camada adicional de segurança, garantindo que mesmo se um invasor obtiver acesso, ele não possa ler os dados sem a chave de criptografia correta. Aqui estão algumas maneiras pelas quais esses dois conceitos se reforçam mutuamente:

  1. Criptografia de Tráfego na Rede: O Zero Trust exige que todos os dados em trânsito sejam criptografados, o que significa que todas as comunicações entre usuários, dispositivos e aplicativos são protegidas por criptografia, como o TLS (Transport Layer Security). Isso ajuda a garantir que qualquer dado interceptado seja ilegível.
  2. Criptografia de Dados em Descanso: Mesmo que alguém consiga obter acesso físico a um servidor ou dispositivo de armazenamento, os dados devem ser criptografados em descanso, o que impede que informações sensíveis sejam extraídas sem a chave de decriptografia.
  3. Autenticação Forte e Criptografia de Identidades: A autenticação forte, como o uso de certificados digitais, garante que apenas usuários e dispositivos autenticados corretamente possam acessar os sistemas. Certificados digitais usam criptografia para garantir que a identidade é genuína.
  4. Controle Granular com Criptografia: O modelo Zero Trust permite definir políticas de acesso extremamente granulares. Quando combinado com a criptografia, você pode garantir que apenas usuários ou sistemas autorizados possam acessar dados criptografados específicos, mesmo em ambientes de rede segmentada.

Benefícios de Combinar Criptografia e Zero Trust nas Empresas

  1. Proteção contra Ameaças Internas: A criptografia combinada com Zero Trust garante que até mesmo se alguém com privilégios internos tentar acessar dados indevidamente, eles não poderão lê-los sem as chaves apropriadas.
  2. Resiliência Contra Ataques de Ransomware: Embora ataques de ransomware tentem bloquear o acesso aos sistemas, o uso de criptografia em arquivos críticos e backups, junto com uma arquitetura Zero Trust, pode limitar o impacto e evitar que dados sensíveis sejam extraídos.
  3. Conformidade com Regulamentações: Muitos regulamentos de segurança e privacidade, como LGPD e GDPR, exigem medidas de proteção de dados. A combinação de Zero Trust e criptografia oferece um mecanismo robusto para garantir conformidade com essas exigências.
  4. Resposta a Incidentes Eficiente: Em caso de incidente de segurança, as empresas podem identificar rapidamente quais dados foram acessados indevidamente e tomar ações imediatas para mitigar os danos, graças ao monitoramento constante do Zero Trust.

Desafios e Considerações na Implementação

Implementar a combinação de Zero Trust e criptografia pode ser desafiador, especialmente em organizações com infraestruturas complexas ou legadas. Alguns dos desafios incluem:

  • Gerenciamento de Chaves Criptográficas: É essencial ter um sistema robusto para gerenciar a distribuição e rotação de chaves de criptografia de maneira segura, evitando pontos únicos de falha.
  • Integração de Sistemas: Muitas organizações possuem sistemas legados que podem não suportar criptografia moderna ou não estão preparados para um modelo Zero Trust, exigindo um processo gradual de migração.
  • Educação dos Usuários: Como o Zero Trust exige autenticação constante e acesso baseado em privilégios mínimos, é importante educar os usuários sobre a mudança de abordagem, evitando resistências ou frustrações.

Conclusão: O Futuro da Segurança com Criptografia e Zero Trust

À medida que as ameaças cibernéticas evoluem, as empresas precisam adotar estratégias que sejam flexíveis, escaláveis e robustas. A combinação de criptografia e Zero Trust oferece uma abordagem abrangente e eficaz para proteger dados e ativos corporativos em um cenário digital cada vez mais complexo.

Investir nessas tecnologias hoje não é apenas uma questão de proteger a organização, mas de garantir a confiança do mercado e o cumprimento de exigências regulatórias, além de preparar a empresa para os desafios de segurança do futuro.

Você está pronto para adotar a segurança de confiança zero e criptografar o futuro da sua organização?

Carlos-Danilo-Pereira-Tomaz

CONSELHEIR@

Carlos Danilo Tomaz

Carlos Danilo é um executivo de Segurança da Informação e Cibernética com mais de 22 anos de trajetória sólida em Tecnologia, atuando estrategicamente em governança, risco, compliance, infraestrutura, redes, conectividade e cibersegurança. Reconhecido por sua liderança na construção, desenvolvimento e transformação de áreas de Segurança da Informação, possui forte atuação em resposta a incidentes, inteligência contra ameaças (Cyber Threat Intelligence), DevSecOps, operações de SOC, continuidade de negócios e análise forense.

Especialista em ambientes multicloud (AWS, Azure, Huawei), definição de arquitetura e liderança em projetos de segurança de alta complexidade. Tem ampla experiência com Ethical Hacking, RedTeam & BlueTeam, implementação de políticas de segurança, mitigação de riscos, análise de vulnerabilidades, proteção de dados e forense computacional — sempre promovendo a confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação.

Com um perfil dinâmico, colaborativo, criativo e orientado a resultados, Carlos é reconhecido pela capacidade de gerir equipes multidisciplinares, otimizar processos e atuar com excelência sob alta pressão. Ao longo de sua carreira, consolidou sua reputação em empresas como TIVIT, Orange, Agility, Módulo, TAM, Cipher, Banespa, Santander, Produban, CIP (Nuclea) e Finnet.

É palestrante (TI Inside) e detentor de certificações de destaque como CISSP, CISM, Security+, ITIL, CCSA, CCSE, CNSE, MCSA, MCSE, Ethical Hacker, Palo Alto e SourceFire. Possui domínio prático de normas e frameworks como ISO 27001/27002, PCI-DSS, SOX e LGPD.

Seu propósito é claro: alinhar a segurança da informação aos objetivos do negócio, entregando valor, confiança, resiliência e vantagem competitiva em um cenário digital cada vez mais desafiador.

 

LinkedIn
Twitter
Facebook
WhatsApp
Email

Quem também está com a gente

Empresas, Startups, Centros de Pesquisa e Investidores