Cibersegurança nas empresas é investimento essencial?

‎Por Ademir Henri

A digitalização dos negócios trouxe inovação, eficiência e novas oportunidades para empresas de todos os setores. No entanto, essa transformação também ampliou a superfície de ataque, expondo organizações a ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas. O Brasil, como um dos países mais digitalizados da América Latina, tem sido um alvo recorrente de golpes como ransomware, fraudes digitais e vazamento de dados, impactando empresas e instituições públicas.

Cibersegurança deixou de ser apenas um tema técnico e passou a ser uma questão estratégica, que precisa ser discutida na alta liderança. CEOs, CFOs, CIOs e demais executivos devem compreender que a resiliência digital não é apenas um requisito regulatório, mas um diferencial competitivo que garante continuidade operacional, protege a reputação e fortalece a confiança do mercado.

Cibersegurança Além da TI: Impactos Estratégicos para o Negócio

A gestão de riscos cibernéticos não pode ser delegada exclusivamente à área de TI. Ela afeta diretamente todas as áreas da empresa, influenciando desde a tomada de decisões estratégicas até a experiência do cliente. Entre os principais impactos da segurança cibernética no ambiente corporativo, destacam-se:

  • Financeiro: Ataques podem gerar perdas milionárias, seja por pagamento de resgates (ransomware), paralisação de operações ou multas por vazamento de dados.
  • Reputação e Confiança: Um incidente de segurança pode afetar a credibilidade da empresa, comprometendo sua relação com clientes, investidores e parceiros.
  • Continuidade Operacional: Empresas altamente digitalizadas podem ter suas operações interrompidas por dias ou semanas, afetando faturamento e credibilidade.
  • Governança e Compliance: Reguladores e acionistas exigem cada vez mais responsabilidade na gestão dos riscos digitais. O não cumprimento de requisitos de segurança pode resultar em penalidades severas.

O Brasil Está Avançando? Iniciativas e Regulamentações

Nos últimos anos, o Brasil tem investido na criação de políticas e regulamentações para fortalecer a cibersegurança, incluindo:

  • Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD): Criada para salvaguardar a privacidade dos cidadãos, estabelecendo normas rigorosas para empresas que coletam, armazenam e processam dados pessoais, visando garantir a segurança e o controle sobre as informações dos indivíduos.
  • Estratégia Nacional de Segurança Cibernética (E-Ciber): Um plano do governo voltado para fortalecer a resiliência digital do país, visando a proteção de infraestruturas críticas e a defesa contra ameaças cibernéticas.
  • Gabinete de Segurança Institucional (GSI): Responsável por coordenar políticas de segurança cibernética no governo federal, atuando na proteção de infraestruturas críticas e na resposta a incidentes nacionais.
  • INCC (Instituto Nacional de Combate ao Cibercrime): Atua no enfrentamento do cibercrime no Brasil, oferecendo capacitação, realizando pesquisas sobre ameaças digitais e fornecendo suporte estratégico para entidades públicas e privadas, com o objetivo de fortalecer a segurança cibernética no país.
  • IBRASPD (Instituto Brasileiro de Segurança, Proteção e Privacidade de Dados): Se dedica ao fortalecimento da segurança cibernética e à proteção de dados no Brasil, por meio de pesquisas, capacitação e apoio estratégico a empresas e órgãos públicos, com ênfase em políticas de privacidade, prevenção ao cibercrime e conformidade com as regulamentações.
  • Regulamentações Setoriais: Bancos (Bacen), saúde (ANS), telecomunicações (Anatel) e outros segmentos já possuem diretrizes específicas para segurança da informação, visando garantir a proteção de dados e a conformidade com padrões regulatórios. 

Apesar desses avanços, a regulamentação por si só não é suficiente. A responsabilidade pela segurança digital começa dentro das empresas, deve ser uma prioridade no nível estratégico.

O Papel dos Executivos na Construção da Resiliência Cibernética

A resiliência digital deve estar integrada à estratégia corporativa. Para isso, algumas ações são fundamentais:

  • Cibersegurança como Prioridade Estratégica: Assim como riscos financeiros e operacionais, riscos cibernéticos precisam ser analisados no planejamento estratégico.
  • Cultura de Segurança: A maioria dos ataques cibernéticos explora falhas humanas. Investir em conscientização e boas práticas reduz vulnerabilidades.
  • Planos de Resiliência e Resposta a Incidentes: Empresas devem testar planos de continuidade e recuperação para minimizar impactos em caso de ataques.
  • Uso Inteligente da Tecnologia: Ferramentas de Inteligência Artificial e automação podem detectar ameaças antes que causem danos, protegendo ativos valiosos.
  • Parcerias Estratégicas e Cooperação: Nenhuma empresa enfrenta o desafio da cibersegurança sozinha. Trabalhar com especialistas e compartilhar informações fortalece a defesa coletiva.

Segurança Digital: Um Diferencial Competitivo no Mundo Corporativo

A era digital exige um novo mindset corporativo: cibersegurança não é um custo, mas um investimento essencial para a sustentabilidade dos negócios. Empresas resilientes não apenas evitam crises, mas se posicionam melhor no mercado, conquistam a confiança de clientes e investidores e garantem competitividade a longo prazo.

A liderança empresarial deve compreender que a segurança digital é tão estratégica quanto qualquer outra frente de negócios.

Como dizia Peter Drucker: “O melhor jeito de prever o futuro é criá-lo.”

E um futuro digital seguro precisa ser construído agora.

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CONSELHEIR@

Ademir Henri de Souza

Profissional com mais de 20 anos de experiência em Tecnologia da Informação, sendo 18 deles dedicados ao setor de saúde. Atualmente, atuando como Gestor de Governança de TI no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP),  liderando iniciativas de transformação digital, segurança da informação e conformidade regulatória, como a adequação à LGPD e a certificação ISO 9001 para processos de TI. Sua trajetória é marcada pela inovação tecnológica, reestruturação de processos e pela promoção de uma governança sólida, impactando diretamente a excelência no atendimento à saúde.

Reconhecido como um dos Top 100 Tech Informers pela ITShow em 2024 e 2025, é membro ativo de importantes associações, como a ABCIS e o CISO’s Club Brasil. Com formação acadêmica robusta, que inclui graduação em Administração com ênfase em Análise de Sistemas, pós-graduação em Engenharia de Sistemas e especialização em Gerenciamento de Projetos, alia conhecimento técnico e visão estratégica para transformar desafios complexos em resultados concretos, consolidando sua posição como uma referência em tecnologia e inovação no setor de saúde.

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