A inovação é celebrada como um motor essencial para o crescimento, muitas empresas têm se concentrado em buscar o próximo grande avanço, muitas vezes em detrimento das necessidades básicas de seus clientes. A busca incessante por inovação pode ser emocionante e atrair a atenção do mercado, mas também pode criar um problema quando compromete a qualidade dos produtos e serviços fundamentais – o que alguns chamam de “arroz e feijão” do negócio.
A importância do básico: Não subestime o fundamental
Embora a inovação seja frequentemente vista como um sinal de progresso, uma pesquisa da Boston Consulting Group (BCG) destaca que apenas 3% das empresas estão realmente preparadas para implementar inovações de forma eficaz. Muitas vezes, as empresas priorizam a inovação como um objetivo principal, mas não estão alinhadas o suficiente para traduzir essas iniciativas em resultados concretos, deixando lacunas na qualidade do serviço básico esperado pelos clientes(BCG Global).
Na prática, isso significa que, enquanto os clientes podem se interessar por novos recursos e produtos inovadores, eles ainda esperam que a entrega seja confiável e consistente. Uma pesquisa da Deloitte sugere que, no setor de tecnologia, é comum que as empresas foquem em estratégias de inovação para crescer, mas percam de vista a experiência básica do cliente. Isso ocorre porque muitos líderes são pressionados a estar sempre “no hype,” mesmo que isso comprometa o valor central de seus serviços(Deloitte United States).
Os riscos de perder o foco nos serviços essenciais
Quando as empresas deixam de investir no básico, a qualidade da experiência do cliente pode ser significativamente impactada. Por exemplo, de acordo com o relatório da McKinsey, empresas que tentam adotar múltiplas inovações ao mesmo tempo enfrentam maiores desafios com a satisfação do cliente e podem perder a confiança dos consumidores devido à falta de confiabilidade e consistência em seus produtos. A ênfase em tecnologias avançadas pode parecer vantajosa, mas sem o suporte adequado, essas inovações muitas vezes falham em cumprir suas promessas(McKinsey & Company).
Esse fenômeno é conhecido como o “efeito de dispersão de inovação”, em que recursos são diluídos entre muitas iniciativas, mas poucas entregas significativas são realizadas. Em muitos casos, as empresas correm o risco de perder valor ao perseguir novidades tecnológicas, como IA generativa, sem antes solidificar os processos operacionais que suportam o desempenho central(BCG Media Publications).
Encontrando o equilíbrio: Inovar com responsabilidade
Para empresas de tecnologia e líderes empresariais, a chave para uma inovação responsável é garantir que as necessidades fundamentais dos clientes sejam atendidas antes de buscar o próximo grande avanço. A inovação eficaz deve ser um complemento, não uma substituição, para os serviços essenciais. Um caminho possível é alinhar estratégias de inovação com a estratégia de negócios de longo prazo, investindo em inovações que realmente agreguem valor à experiência central do cliente.
Adotar metodologias ágeis e concentrar-se em projetos que melhorem a experiência básica são boas práticas. A Deloitte recomenda que as empresas de tecnologia implementem práticas que suportem a inovação de forma alinhada com a estratégia de negócios, para que o cliente continue satisfeito e a empresa seja vista como confiável(Deloitte United States).
Inovar é fundamental para manter a competitividade no mercado de tecnologia, mas a excelência no básico nunca deve ser negligenciada. Empresas que equilibram inovação com qualidade de serviço fundamental não apenas atraem clientes, mas também conquistam sua confiança e fidelidade. Ao focar em um alinhamento claro entre a inovação e a estratégia de negócio, líderes de tecnologia podem assegurar que estão entregando valor real, tanto nas novidades quanto no que já é esperado.
Quantos de nós já tiveram problema em comprar, por exemplo, uma peça de roupa online, de uma rede global varejista (fast fashion), e não conseguiu sequer devolver o produto ou trocar, mesmo indo até a loja, por conta de uma ineficiência na conversa entre o canal offline e o online? Claro, existe muita complexidade por trás disso, mas para o cliente, existe essa divisão , ou o que ele enxerga e espera um serviço unificado, é da sua MARCA?