A IA generativa pode revolucionar a cibersegurança?

fevereiro, 2025‎ ‎ ‎ |

‎Por Cristiane Fidelix

Nos últimos anos, a rápida evolução da inteligência artificial generativa trouxe impactos profundos para diversas indústrias. De algoritmos que criam imagens e textos hiper-realistas a sistemas que automatizam tarefas complexas, a IA generativa se posiciona como uma das tecnologias mais disruptivas do século. Porém, com grande poder vem também grande responsabilidade.

Enquanto a IA generativa é um aliado poderoso em áreas como detecção de ameaças cibernéticas e automação de respostas, ela também está sendo usada para criar ataques cada vez mais sofisticados. Para líderes de tecnologia e empresários, a questão não é apenas como adotar essa tecnologia, mas como fazê-lo com segurança, protegendo dados, infraestruturas e a reputação de suas empresas.



IA generativa: uma revolução na cibersegurança

Benefícios: a IA como guardiã digital

A IA generativa tem o potencial de transformar a cibersegurança, oferecendo soluções mais rápidas e precisas para proteger empresas contra ameaças. Alguns dos principais benefícios incluem:

Detecção proativa de ameaças

Com o aumento no volume e na complexidade dos ataques cibernéticos, os sistemas tradicionais de segurança muitas vezes falham em identificar ameaças avançadas, como ataques de dia zero ou ransomwares. A IA generativa pode analisar grandes volumes de dados em tempo real, detectando padrões anômalos e sinalizando possíveis brechas de segurança.

Por exemplo, empresas como a Darktrace utilizam IA para monitorar o comportamento das redes corporativas e identificar invasões antes que causem danos significativos. Segundo um estudo da Markets and Markets, o mercado de IA para cibersegurança deve crescer de US$ 22,4 bilhões em 2023 para US$ 60,6 bilhões até 2028, impulsionado por essa capacidade preditiva.

Resposta automatizada a incidentes

Outra vantagem é a automação de respostas a incidentes. A IA generativa pode não apenas identificar ataques, mas também propor e implementar soluções. Isso inclui isolar máquinas comprometidas, reforçar vulnerabilidades e até mesmo corrigir códigos de software.

Empresas que adotam essas tecnologias conseguem reduzir significativamente o tempo médio de resposta a ataques, diminuindo os custos associados a violações. De acordo com o relatório “Cost of a Data Breach 2023” da IBM, o tempo para identificar e conter uma violação de dados, conhecido como ciclo de vida da violação, é crucial para o impacto financeiro total. Violações identificadas e contidas em menos de 200 dias custaram, em média, US$ 3,93 milhões, enquanto aquelas que levaram mais de 200 dias custaram US$ 4,95 milhões, uma diferença de 23%. Além disso, organizações com altos níveis de planejamento e testes de resposta a incidentes economizaram, em média, US$ 1,49 milhão em comparação com aquelas com baixos níveis dessas práticas. Esses dados destacam a importância de uma resposta rápida e eficaz para minimizar os custos associados a ataques cibernéticos.

Simulações e treinamento de equipes

A IA generativa também pode criar cenários realistas de ataques, permitindo que equipes de segurança treinem em ambientes virtuais e testem suas defesas. Essa abordagem, conhecida como “red teaming automatizado”, simula ataques reais e prepara os colaboradores para lidar com situações críticas.

Os perigos: a IA generativa nas mãos erradas

Embora a IA generativa ofereça ferramentas avançadas para proteger empresas, ela também é uma arma poderosa nas mãos de cibercriminosos. Aqui estão os principais riscos:

Criação de ataques mais sofisticados

A IA generativa permite que hackers criem ataques altamente personalizados e difíceis de detectar. Um exemplo disso é o uso de deepfakes para manipular vídeos ou áudios, possibilitando fraudes financeiras e ataques de engenharia social.

Segundo um relatório da Onfido fraudes utilizando deepfakes cresceram 3.000% em 2023, atribuídas à popularização de mecanismos de inteligência artificial.

Malware autogerado

A capacidade de gerar códigos avançados coloca a criação de malware em um novo patamar. Cibercriminosos podem usar IA generativa para desenvolver malwares que se adaptam dinamicamente a diferentes ambientes, tornando-os mais difíceis de serem detectados por softwares antivírus.

A OpenAI, criadora do famoso ChatGPT, reconheceu o risco de que suas tecnologias sejam exploradas para gerar scripts maliciosos, destacando a necessidade de políticas de uso responsáveis.

Escalabilidade de ataques

Tradicionalmente, um ataque cibernético sofisticado exige tempo e habilidades técnicas. Com a IA generativa, isso mudou. Agora, ataques complexos podem ser realizados em larga escala, com menos esforço humano. Isso inclui desde ataques de phishing até violações de redes corporativas.

A McAfee destaca que a introdução de ferramentas de IA acessíveis a praticamente qualquer pessoa tem implicações significativas no cenário de ameaças. A empresa observa que, com a popularização de ferramentas de IA, os cibercriminosos podem explorar essas tecnologias para criar fraudes mais sofisticadas, incluindo ataques de phishing que se tornam quase indistinguíveis de comunicações legítimas. Isso indica que a evolução contínua das fraudes não deve diminuir no futuro.



Equilibrando benefícios e riscos: estratégias para líderes

Fortalecimento de políticas de cibersegurança

Empresas precisam adotar políticas robustas para minimizar os riscos associados ao uso de IA generativa. Isso inclui o desenvolvimento de guidelines para o uso ético da tecnologia e o monitoramento constante de seus sistemas.

Investimento em inteligência de ameaças

A criação de centros internos ou a contratação de fornecedores especializados em inteligência de ameaças pode ajudar a identificar ataques habilitados por IA antes que causem prejuízos.

Parcerias público-privadas

Colaborações entre empresas e governos são essenciais para combater o uso malicioso de IA. Iniciativas como a AI Act da União Europeia e os esforços regulatórios nos Estados Unidos visam criar diretrizes globais para a utilização ética da IA.

Educação e conscientização

Líderes devem promover a capacitação de suas equipes, garantindo que todos os colaboradores entendam os riscos e saibam identificar sinais de ataques baseados em IA.

Implementação de IA Ética

Empresas que desenvolvem IA generativa devem implementar salvaguardas, como limites para o uso da tecnologia em cenários de alto risco e a integração de auditorias internas.

Portanto, a IA generativa representa uma faca de dois gumes no cenário da cibersegurança. De um lado, ela oferece ferramentas avançadas para proteger empresas contra ataques cada vez mais sofisticados. Do outro, potencializa os próprios criminosos, permitindo que desenvolvam golpes mais rápidos, precisos e em larga escala.

Para líderes de tecnologia, a chave está no equilíbrio: é essencial adotar a IA generativa de forma estratégica e responsável, mitigando riscos ao mesmo tempo em que se aproveitam seus benefícios. Empresas que investirem em inteligência de ameaças, políticas sólidas de segurança e parcerias globais estarão mais preparadas para navegar neste novo e complexo cenário.

Cristiane-Fidelix_1910

CONSELHEIR@

Cristiane Fidelix

Consultora de Tecnologia e Especialista com certificação pela Cisco em Cibersecurity.

Vivência e experiência de 15 anos com background no mercado como desenvolvedora de sistemas no mercado brasileiro.

Atualmente Tech Woman founder de Technology programs for Woman, Cyber Security Specialist, University Teacher, Mentora  e Palestrante Internacional.

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